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sábado, 24 de dezembro de 2016

Vírus


A forma mais fácil de infectar seu computador com um vírus é clicar em links que, a priori, venham a te mostrar um segredo. Depois de infectado, demorará para perceber (se perceber), sua máquina não funcionará corretamente, terá roubadas informações importantes e até perda de dados.

Da mesma maneira, muitos segredos são revelados (ao contrário do que parece, o segredo existe para ser revelado) nos infectam como um vírus, nos iludindo com a crença que somos especiais, que merecemos ter nossos desejos realizados: poder, riqueza, conforto e felicidade. O vírus precisa ser alimentado, então vai acrescendo mais desejos e, cada vez mais, sucumbimos a vontade do “Eu” e esquecemos do “Tú” ou do próximo.


A infecção se generaliza e o mundo fica cada vez mais egoísta.

Existe uma vacina, muito mais antiga que os segredos, presente quase que no inconsciente: O Sagrado.


Ética (judaísmo), Amor (cristianismo), Servir (islamismo) e Desapego (budismo) são alguns ideais do Sagrado e visam nossa libertação do “Eu”.

24 de dezembro de 2016.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Fome

Na infância, já um tanto longe na contagem de luas, meses, anos, décadas, mas tão perto na lembrança, ajudei minha família plantando sementes, cuidando da lavoura e colhendo os alimentos crescidos. Para cada semente plantada, aplaquei minha fome e de outras bocas, várias vezes.

Nunca percebi a importância disso. Poucas sementes, um certo cuidado e alimento suficiente para acalmar vários estômagos.

Hoje, a minha alma está faminta. E, como a outra fome, dói, agoniza, desespera.

Por isso, semeio palavras. Quero colher e compartilhar conhecimento. Saciar.

17 de Dezembro de 2016.

domingo, 27 de novembro de 2016

Correnteza



Uma vez tentei atravessar um canal, sem saber que ali tinha correnteza. Sem habilidade, sem força, mas com apego enorme a vida, me vi em apuros, lutando com um inimigo mais forte, mais poderoso e implacável.


O rio, em sua natureza, seguia o seu caminho, cada vez mais forte em busca do seu apogeu: O mar.

Eu, simples inseto, sem entender a energia do oponente, perdido, cansado, perdendo folego, buscava alcançar o meu objetivo: chegar na margem e viver.

Soberba e medo: mente bloqueada. Desespero. "- Espera, Neto." "- Você vai morrer, o que está fazendo?"

Lucidez e equilíbrio. Nade a favor da correnteza. Saia mais a frente, mas, sobreviva. Use a força do oponente e vença-o.

Estou aqui, escrevendo minhas experiências.

27 de Novembro de 2016.

domingo, 23 de outubro de 2016

Raízes e Galhos

Já vi árvores arrancadas pela tempestade. Raízes expostas da árvore na horizontal. Depois de um tempo, sem folhas, eram fácil notar que havia pouca diferença entre raízes e galhos: seguem em direção contrária, mas, incrivelmente, de forma simétrica.

Raízes buscam dentro da terra a água e os nutrientes, os galhos, desafiam a gravidade em busca do Sol, para que através da fotossíntese metabolize e crie mais nutrientes.

Raízes são galhos que penetram na terra. Galhos são raízes que se estendem para o alto. E todos buscam o alimento que nutre a árvore.

Quero ser árvore. Tenho minhas raízes, delas absorvo das gerações passadas certo aprendizado, mas, não é suficiente, preciso de galhos. Como antenas, me tragam mais conhecimento e transforme para melhor o que vem de minhas raízes. Só assim, eu cresço.

22 de Outubro de 2016.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Luar


Na infância, quando precisava sair de madrugada ou voltar tarde da noite, na época que não existia iluminação pública e casas iluminadas eram raras, ficava hipnotizado pela Lua. Acreditava que ela nos seguia, às vezes, mudava de lado, às vezes atrás, outras na frente, mas, sempre junto, iluminando nosso caminho, mostrando um mundo prateado e mágico.

Perguntei aos meus pais por que a Lua nos seguia. Acho que cansados da vida difícil de ser adulto e ter de sair à noite com crianças, não me deram respostas.

Cresci um pouco, aprendi que a Lua não me seguia. Ela estava imóvel no céu, quem se movimentava era eu. Ilusão.

Quem sabe, a gente sempre em busca da luz, de iluminação, corremos atrás dela sem nunca alcançar. Vivendo a ilusão da busca, não vemos a beleza e a magia que ela nos apresenta.

Se não alcançamos a Luz, enxerguemos, ao menos, o que ela nos revela.

12 de Outubro de 2016.

sábado, 10 de setembro de 2016

Ortodoxo

Na minha época tradição era estudar até onde der e começar a trabalhar cedo. Se fosse mulher, poderia estudar mais tempo, mas, trabalho, só em casa, cuidando do marido e das crianças.

Ah! A faculdade é longe. É cara! O trabalho é longe. É cansativo! O salário é pouco. A noite é curta. O ônibus é cheio. E o livro, caro.

"- Para que você quer estudar mais? Economiza dinheiro, compra um terreno, lá no fundão tem uns lotes baratos (mais longe). Logo chega luz, água, talvez uma creche e, em alguns anos, uma escola."

A universidade continua longe.

E assim, de geração em geração, mais longe da dignidade se fica.

Mérito de quem mora perto, de quem tem dinheiro. De quem tem saúde, segurança e mais de um carro na garagem.

Ortodoxo é o novo liberal. As coisas são assim e assim devem ser, devem continuar.

“-Mudar? Não, isso é coisa de revolucionário, de socialista, de desordeiro, comunista, black bloc, feminista, classista, amante de gays e outros tantos que não enxergam que progresso é ordem.”

Progresso de quem? Ordem prá quê?

Eu não quero tradição. Quero transgressão. Atravessar o rio e não só construir a ponte. Quero evolução, quero revolução.

10 de Setembro de 2016.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Reativar

Baterias automotivas, como tudo na vida, tem um ciclo. Sua vida útil pode durar mais se o seu ciclo de carga e recarga for lenta, da mesma forma, se este ciclo for rápido ela se esgotará em menos tempo. De qualquer forma, em algum momento, a reação química de seus elementos parará de funcionar. Não produzirá mais energia. Vai morrer. Esgota-se.

Porém, em alguns casos, uma bateria parada, descarregada, muito próxima do término de sua vida útil, ao receber novos elementos e uma corrente elétrica, volta a ser ativa e, assim, consegue prolongar aquela ciclo que parecia se esgotar.

Ciclos que não se completam, que não se esgotam por inteiro, podem ser reativados. Não se enganem, se algo estar próximo a se extinguir e, se isso for bom para você, deixe que ele termine, que ele se esgote naturalmente. Interrompê-lo, principalmente de forma brusca, pode reativá-lo, iniciando assim, um novo ciclo.

31 de Agosto de 2016.

sábado, 30 de julho de 2016

Ideia


Adolescente paulistano, achava engraçado a forma que parentes do interior da Bahia falavam. Muitas palavras novas, algumas ditas de formas diferentes, o sufixo diminutivo “inho” virava “im”: “cafézim”, “pequenim”, “azuzim”. Juro que mais do que engraçado, eu achava bonito ou “bunitu”, como eles diziam. Via bastante charme naquele sotaque.

Mas, os significados, ah! isso sim, era interessante. Uma vez, ouvi um tio-avô dizer “-Fulano perdeu a ideia! ”. Demorei para entender. Que ideia era essa? No meu jeito paulistano de pensar, ideia era algo que surgia para resolver um problema, inventar uma brincadeira. Ideia era aquela coisa fantástica de descobrir ou criar algo bom.

Como alguém perde a ideia? Quebrava a cabeça em busca do significado. Será que não seria “roubaram a ideia”? Prestei mais atenção no rumo da conversa e aprendi uma coisa genial: “Perder a ideia”, para meu querido povo do interior baiano, era “perder o juízo”, “enlouquecer”, “ficar doida”.

E nós, cheios de conhecimento, mas, vazios de entendimento, buscamos a ideia que nos salvará, que nos tornará importantes. Achamo-nos inteligentes, não notamos que somos todos loucos que buscam a lucidez. E que chegue a ideia. Que se faça a luz!

30 de julho de 2016.

sábado, 4 de junho de 2016

Frouxidão


Falando em roupa que não me serve mais, ainda preciso aprender minhas novas medidas. Comprei uma calça mais larga do que o necessário. Frouxa, costuma cair, faz aparecer o que eu não gostaria, me envergonha. Ajustar, torná-la justa se faz necessário.

Tempos modernos de pessoas com pensamentos largos, capazes de ver o limpo naquele que tem tudo e de só enxergar a sujeira naquele que não tem onde morar. O primeiro é lindo. O outro, nojento. O primeiro, por mérito, ganha mais. O segundo não merece nada. O primeiro você dá a mão. O segundo, as costas.

Meu Pai celestial, por favor, que meu caráter seja justo. Me afasta dessa frouxidão moral, que faz as pessoas verem em mim, o que deveria me envergonhar.

04 de Junho de 2016.

sábado, 28 de maio de 2016

Água

A água é um elemento incrível. Além de existir em 3 formas: líquido, sólido e gasoso; ainda é capaz de quebrar as leis da física, pelo menos no meu leigo ponto de vista.

Quando criança, costumava ver uma mancha de água “subir” por um pedaço de pano ou papel, como se buscasse o topo. Começava de forma afoita, rápida e, depois, diminuía a velocidade, pacientemente subia devagar, tomando o terreno, infiltrando pelas fibras, tornando-se uma coisa só e, no final, encharcando o tecido ou o papel.

E se nossos pensamentos fossem como a água? Se eles tivessem o poder de quebrar leis inquestionáveis? Se pudesse se infiltrar pelas coisas? Mudar de forma?

Talvez seja. E, por via das dúvidas, que eles sejam límpidos, transparentes, que nutra o que for bom, como água que nos limpa e nos sacia a sede.

28 de Maio de 2016.

sábado, 21 de maio de 2016

Roupa velha

Outro dia, abri o guarda-roupa para procurar um velho jeans desbotado, o meu preferido. Peguei-o. Infelizmente, não me coube mais. Decepcionado, pensei até em emagrecer para usar a peça de roupa tão querida. Desisti logo. Melhor doá-lo, provavelmente, existe alguém que necessita dele mais do que eu.

Lembranças de um velho jeans guardado. E às vezes, guardamos lá no fundo da alma, situações passadas, aventuras vividas, sentimentos intensos. Como roupa velha, não nos servem mais, mas, guardamos ali, talvez com a esperança de viver tudo de novo. Não dá. Passou.

Eu aprendi. O que não me cabe mais, eu doo. Quem precisar, que vista. Quem quiser, que leia.

21 de Maio de 2016.

sábado, 2 de abril de 2016

Veneno

Me preocupa bastante a forma que é produzido nosso alimento. Vemos produtos cada vez maiores, mais apetitosos e atraentes, às vezes, até fora de época.

Não sei se é necessidade ou ganância, mas, não há mágica, essa produtividade se deve a mecanismos artificiais para aumentar e melhorar a produção. São usados fertilizantes e venenos que provavelmente nos atingem também. Com o intuito de combater pragas, usamos produtos químicos que as matam mas, nos envenenam lentamente.

Em nossa humanidade (ou desumanidade, sei lá!), com intuito de combater o “mal” (“mal” em relação ao nosso ego) falamos coisas odiosas sobre o próximo. Jogamos uns contra os outros, julgamos, condenamos e por fim destruímos (matamos, pois, destruir o caráter de alguém, num plano divino, é o mesmo que assassinato). Não enxergamos que o remédio empregado no combate é o mesmo que envenena a nossa alma.

“Não matarás!”

02 de Abril de 2015.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Incompleto

Sabe aquela xícara que você enche com sua bebida preferida, quase transbordando? Não vê a hora de sorver aquela delícia e se lembra de que você gosta dela bem doce, mas, se esqueceu de colocar açúcar.

A xícara que transborda não aceita mais nada. É preciso esvaziar um pouco, mesmo que isso signifique beber o que ainda não lhe é agradável.

Muitas vezes, em minha soberba, acredito que posso escrever este blog com facilidade, completo de conhecimento, não me faltarão assuntos ou abordagens, mas, ao contrário, me falta as palavras. Cheio do que achava ser conhecimento, não sobra espaço para aceitar que o conhecimento não nasceu comigo. Então, reconheço que mesmo cheio não sou completo, me esvazio, me desinflo para que eu possa aceitar mais um pouco do sopro divino e, só assim, ter o que dividir, ter o que compartilhar.

08 de Fevereiro de 2015.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Em outras palavras

Quero viajar em cada pensamento que tive, em cada momento do passado. Em cada tombo e em cada avanço.

Viajar pela escuridão da tristeza e encontrar a luz da felicidade.

Viajar pelos momentos em que o medo foi grande, mas, que me ensinaram que bastam poucos segundos de coragem.

Lembrar dos momentos de dor e poder dizer “isso passa”. Lembrar dos momentos de êxtase e também dizer "isso passa".

E de cada passo dessa jornada, de cada curva do caminho, tirar uma lição.

Em outras palavras, vou escrever um blog.

31 de Janeiro de 2016.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Espelho

Crianças e animais tem reações engraçadas ao se olharem num espelho. Quando não se reconhecem, ficam olhando, brigando, se assustam, tentam ultrapassar. A situação se complica quando percebem que cada ação do lado de cá, reflete do outro lado. Não conseguem ultrapassar a imagem, não conseguem enxergar o que está atrás da imagem, se irritam (Engraçado?! Do outro lado, a imagem também.)

Como num espelho, na maioria das vezes, o obstáculo mais difícil de ultrapassar, aquele que faz sombra impedindo a luz, é a gente mesmo e, como no espelho, não adianta brigar.

26 de Janeiro de 2016.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Poeira

Ao varrer a casa, que fica fechada e sozinha a maior parte do dia, não há muito que ver: poeira, lã dos tecidos, muito pouco vindo de fora, alguns fios de cabelos, pelos.

Uma parte da poeira doméstica é formada por pele morta. Varro uma parte de mim que não serve pra mais nada, já foi trocada, renovada e agora vai para o lixo.

É o que devo fazer com sentimentos, pensamentos, rancores que não me servem para mais nada, passaram, morreram. Varrer, juntar e jogar fora.

Parte daquele pó que varremos todos os dias, já foi parte da gente também, passa pelos cômodos, junta pelos cantos. No Universo maior, aquele que não enxergamos, somos só poeira, estamos só passando.

17 de Janeiro de 2016.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Barreiras

Já ficava hipnotizado com as crianças do programa Raul Gil e agora acontece a mesma coisa neste “The Voice Kids”. Como essas crianças têm tanto talento e técnica? E mais, vontade de vencer? Porque, para estar lá, é preciso vontade de vencer, não de ser o campeão do concurso, mas, de vencer seus obstáculos e atingir seus objetivos: serem cantores de sucesso!

Confesso, eu também me espanto com o talento, e acredito que haja mesmo um dom, algo que nasce com você. Mas, e sempre eu tenho um “mas”, eu também me pergunto: será que não há algo mais? Será que todos nós não temos esta capacidade de brilhar?

Muitos dos candidatos de hoje, aliás, os melhores, vinham de família de músicos, já conheciam o “lado de lá”, conheciam o outro lado da cortina, já haviam cruzado as barreiras. Os bloqueios que impedem o sucesso, no caso deles, não existiam, ao contrário, havia incentivo e motivação. Sem falar que são crianças, puras e ingênuas, não reconhecem barreiras.

Somos todos ilimitados, destinados ao sucesso, basta romper as barreiras, abrir as cortinas, deixar que a luz entre e nos faça brilhar.

10 de Janeiro de 2015.

domingo, 3 de janeiro de 2016

52 semanas

Foi-se 2015. Escrevi 52 publicações. Uma para cada semana do ano. Engraçado, até eu começar a escrever este blog, se alguém me perguntasse quantas semanas havia num ano, eu não saberia responder. E só no segundo ano de existência do “Sobre o Berelando...” que aprendi isso.

Não sei se isso é bom ou ruim: saber quantas semanas tem um ano. Talvez, se olhar para trás e ver tudo o que fiz não seja muito saudável. Olhar para frente, criar expectativa sobre cada semana que virá, tão pouco.

Melhor continuar como está. Quando chegar o fim de semana, se eu tiver um assunto, se eu tiver os recursos e a disposição, eu sento aqui, escrevo e publico. Viver o presente para construir o futuro e deixar no passado só histórias.

03 de Janeiro de 2015.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Verdade

Pitágoras, no século 6 antes de Cristo, virou piada por afirmar que o planeta Terra era redondo.

Três séculos depois (século 3 a.C) outro grego afirmava que a Terra girava em torno do Sol. Claro que quase ninguém acreditou nesse “absurdo”.

No século 2 a.C o astrônomo Erastótenes acertou com precisão o perímetro da terra (cerca de 40.000km), claro que ninguém acreditou, afinal, a Terra nem era redonda.

No século 2 depois de Cristo, o astrônomo grego Ptolomeu afirmou que a Terra era o centro do Universo – todos acreditaram nisso durante os seguintes 1.400 anos. Galileu Galilei até foi condenado por heresia por ir contra essa ideia.

Hoje, a única coisa que eu tenho certeza é que meu ego “me” engana mais do que acerta.

27 de Dezembro de 2015.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Pergunta

Em toda história que li, em tudo o que eu estudei, eu sempre fazia uma pergunta a mim mesmo e tentava descobrir a resposta. “- O que o autor quer me dizer?” E nesse exercício cheguei a vários insights, muitos deles escritos neste blog.

E apesar de não ser tão religioso, sempre fui aficionado em histórias bíblicas e, nestas histórias, nunca deixei de fazer a tal da pergunta. Uma bem bacana é a história da arca de Noé. Onde quase todos viam uma história de recomeço, de fé e até de vingança, eu queria saber por que os animais da arca se respeitavam. Por que o leão não atacou a zebra? Por que as serpentes não comeram as aves? E tentando responder estas questões, aprendi uma das melhores lições que podemos levar para vida.

Estamos todos no mesmo barco. Ou nos respeitamos e tentamos construir um futuro justo ou vamos todos afundar.

20 de Dezembro de 2015.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Transformação

Quando criança eu tinha uma brincadeira que consistia em falar repetidas vezes uma palavra até a exaustão. Durante esta repetição, inconscientemente a palavra ia mudando, mas eu continuava. No final eu estava repetindo uma palavra totalmente diferente da que começou e, pelo menos no meu caso, eu nem lembrava mais da primeira palavra.

E como na brincadeira de criança, venho escrevendo este blog há sete anos. Não lembro como começou, esqueci várias passagens neste tempo e não sei como será o futuro das publicações.

A gente vai repetindo o que for bom, os resultados vão se transformando e mesmo que você não perceba, mesmo que você não entenda, mesmo que você tenha esquecido como começou, a mudança, a transformação virá quando ela for necessária.


13 de Dezembro de 2015.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Compromisso

Circula na internet a história de uma mulher que levantou um carro para salvar o filho preso embaixo dele. Uma mulher comum, mas com a adrenalina a mil, fez o que pensava ser impossível para salvar o filho.

Se tivessem dito a ela que era possível levantar um carro, com certeza ela não acreditaria. Se conseguissem fazer com que acreditasse, e, se ela tentasse, com certeza não conseguiria de primeira. Provavelmente diriam a ela que, se ela treinasse bastante, conseguiria. Mas, por que ela faria isso?


Agora, se ela soubesse o que iria acontecer, tenho certeza que ela teria treinado bastante, incansavelmente, dia e noite.

Se eu soubesse que precisaria de muita força para salvar alguém que eu amo em poucos dias, tenho certeza que começaria a treinar imediatamente e incessantemente porque sei que não sou forte.

E se eu falasse que a nossa felicidade depende de tornar os outros felizes? E se a gente tivesse a certeza que o nosso futuro e o destino das pessoas queridas dependesse desta ação de fazer o mundo mais feliz? O que você faria?

06 de Dezembro de 2015.

domingo, 29 de novembro de 2015

Castelo de areia


Aprendi com meu pai a construir castelos de areia. Eles não eram uniformes, não tinham torres, nem bandeiras, nem muralhas.

Quando criança, vi meu pai cavando a areia molhada e ele a deixava escorrer pelos dedos. As gotas de areia iam tomando a forma de pirâmide, que mais tarde me lembrou as torres de Gaudi, mas isso não vem ao caso.

Aquele era o seu castelo de areia. Não era nada sofisticado, então, ele não se importou de compartilhar sua construção comigo e eu comecei a imitá-lo, depois chegou meus irmãos e repetiram o gesto. A torre crescia, naquela forma escorrida e engraçada e, em determinados momentos, ela desabava e imediatamente apareciam novas formas.


Quase como num transe íamos os quatro construindo uma torre que desabava e se transformava. E nunca sabíamos quando, em que pingo de areia, de que mão viria aquele pingo que faria a torre ceder, nem no que se transformaria.

Ao compartilhar ações construtivas é sabido que num momento, aquele pingo a mais de alguém, transformará tudo ao redor, mas, não é um colapso, é uma nova construção, uma nova forma, uma mudança criativa.

29 de Novembro de 2015.

domingo, 22 de novembro de 2015

Neblina

Quem já dirigiu sob neblina sabe o que significa medo. Ter de guiar o carro sem ver o que há a frente é algo que causa pavor. O pior que você também não pode simplesmente parar, pois, causará um acidente, então, com medo, você continua.

Eu, quando tive de dirigir nessa situação, busquei orientação nas faixas demarcadas no solo, assim, eu sabia quando precisava virar à esquerda ou à direita. Sabia que não bateria num muro nem cairia numa ribanceira. Na frente eu precisava confiar e torcer para não aparecer nenhum obstáculo.

Algumas vezes ficamos tão perdidos e o medo nos impossibilita enxergar o futuro. Na verdade, nunca o enxergaremos. A gente pode imaginar nosso futuro
, pelos nossos atos e escolhas no presente. E aqui no presente, precisamos buscar a sinalização (deixada há muito tempo, por pessoas sábias) que nos balizará evitando os obstáculos fatais.

O que vem a frente? É preciso confiar.

22 de Novembro de 2015.

domingo, 15 de novembro de 2015

Desejo de Deus?

O desejo humano de possuir riquezas pode transformar em lama tóxica o que a natureza levou milhões de anos para formar. E o ser humano é só desejo. Deseja posses, deseja poder, deseja estar certo, deseja que o próximo o siga. Como desculpa de dar ao Criador o que Ele quer, matamos uns aos outros.

Dizem que somos feitos imagem e semelhança do Criador. Carregamos dentro de nós o Seu sopro. E de onde vem este desejo? O que eu tenho de dar ao Deus?

O Criador já tem tudo, Ele que fez, não precisa de mais nada. O Criador nos deu o Universo, nos deu as provisões, nos deu a vida através de um sopro (será que não colocou dentro de nós uma alma?) e continua nos dando os dias para corrigirmos nossos erros.

A natureza de Deus é dar.

Eu não posso dar nada a Quem já tem tudo. Se queremos ser imagem e semelhança do Criador, o nosso desejo não pode ser o de ter/possuir.

15 de Novembro de 2015.

domingo, 8 de novembro de 2015

Caminho do meio

Ontem assisti uma comédia antiga e que gosto muito: “Meu primo Vinny” (1992). Me diverti como da primeira vez. O filme conta a história de dois rapazes que foram presos e acusados erroneamente por assassinato, para livrá-los da prisão e da pena de morte, os rapazes contratam um atrapalhado e inexperiente advogado, o primo Vinny do título.

Eu adoro filmes de tribunais. Promotor, advogados de defesa, juízes, testemunhas, jurados todo esse clima me parece um show, onde se tenta provar uma verdade.

O promotor exagera os pontos negativos dos acusados, o advogado de defesa faz o contrário e mostra os pontos positivos e virtudes dos réus e o juiz, tenta evitar os exageros de ambas as partes usando os recursos da lei. O resultado disso tudo deveria ser a justiça.

Algumas vezes, pessoas nos tiram do sério fazendo-nos reagir. Brigando, xingando, gritando, tentando fazer a justiça com “as próprias mãos”, mostramos todo o nosso lado negativo, assim, acabamos por perder a razão. Outros, também mal-intencionados e sabendo de nossas virtudes, nossas boas inclinações, nos adulam para que colham vantagens, no final quem acaba prejudicado, mais uma vez, somos nós.

Quando se sentir  bruscamente “puxado” em uma ou outra direção, é preciso buscar o equilíbrio, buscar a verdade, só assim a justiça prevalecerá.

8 de Novembro de 2015.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Intenção

Passei minha infância inteira negando minha vontade de doces e balas, pois, meus pais me advertiram inúmeras vezes para não aceitar doces de estranhos.

Mas ganhar doces é bom ou ruim?

Ganhar balas de avós e tios talvez seja bom. Se algum pervertido usar balas para atrair e sequestrar uma criança é ruim.

Então doces e balas são ruins ou boas? Não tem resposta certa. A questão é a intenção de quem dá ou recebe. E, se acha muito cruel negar doces a crianças, é melhor se passar por cruel do que sentir culpa e arrependimento no futuro. O julgamento tem de ser sempre das intenções.

02 de Novembro de 2015.

domingo, 25 de outubro de 2015

Vítima

Minha matéria favorita nos tempos do ginásio era História. O engraçado desta disciplina é que ela é cheia de heróis, mas, que só se tornaram heróis nas páginas dos livros escritos depois que se foram. Na época em que viveram eram tidos como marginais, foram perseguidos, presos, atacados, difamados, muitas vezes por aqueles que tentavam proteger.

Nelson Mandela, Martin Luther King, Gandhi, Jesus Cristo, Moisés. Qual a diferença entre esses perseguidos e marginalizados em seus tempos, heróis nos livros de história, de tanta gente oprimida em todos os tempos?

Eles não aceitaram a posição de vítima, viram na adversidade uma oportunidade de mostrar a legitimidade de sua causa e agiram de forma a mostrar ao mundo porque eles lutavam. Agiram positivamente nas horas difíceis.

A história me ensinou que podem te perseguir, te acusar, te oprimir, mas, a escolha de se tornar vítima ou herói é e sempre será somente sua.

25 de Outubro de 2015.

domingo, 18 de outubro de 2015

Obstáculos

Sobre escrever este blog eu sei que alguns podem pensar que seja trabalhoso produzir publicações toda semana. Não penso nisso, mas, confesso que evito pensamentos negativos do tipo: “eu não acredito que consigo”, “isso dá muito trabalho”, “não tenho capacidade”. E, só de pensar assim, as oportunidades e insights surgem.

Se você não acreditar na sua capacidade você vai acreditar em quê? Se você acha trabalhoso fazer algo, talvez, na verdade, você espera reconhecimento ou algo que “pague” seu esforço. Não quero isso, eu sei que felicidade e sucesso são dádivas do Divino, meu papel nesse mundinho é só agir.

A mesma coisa é a capacidade de se fazer algo. Puxa vida, eu nasci, aprendi e passei por tantas coisas (e continuo aprendendo e passando), então a palavra chave não é capacidade, é confiança. Confio que o Divino me capacitará e isso me basta.

E, depois de tudo isso, o pior que pode acontecer é eu ser julgado de forma negativa, mas, em tudo que você faz sempre haverá alguém que reagirá mal. Então, eu não ligo, eu não me importo com isso, porque eu sei que tudo o que eu fizer, no final das contas, sempre será entre mim e minha consciência, ou, se preferir, entre mim e Deus.

18 de Outubro de 2015.

domingo, 11 de outubro de 2015

Girassol

Às vezes ouço, e tem gente que acredita, que sou intelectual ou tenho um jeito intelectualizado. Que nada! Ledo engano. Sou muito mais da roça do que da intelectualidade.

Plantei muita coisa: milho, feijão, amendoim, mandioca, batata-doce, girassol. Este último era incrível, uma flor gigante, altiva, eu achava que era o rei das flores, com um jeito imponente, com sua coroa e face virada para cima, girava buscando o sol e, ao escurecer, descansava como se olhasse o chão.

E talvez a confusão que façam ao me verem, é que, mesmo com meu jeito campesino, vivo buscando a luz. Se pareço altivo, na verdade eu tento chegar mais perto do Sol porque, sem Ele, humildemente me retraio, mas, sem perder a esperança, pois sei que depois da noite escura, sempre haverá uma nova alvorada.

11 de Outubro de 2015.

domingo, 4 de outubro de 2015

Espantalho

Muito criança lembro-me de uma primavera e uma jabuticabeira carregada com suas frutas maduras e doces. Pena que não era só nós que apreciávamos o fruto. Pássaros começaram dividir as frutas com a gente, meninos descalços, cabelos despenteados, corpos quase nus.

Minha mãe, para que sobrassem mais jabuticabas para nós, arrumou um chapéu de palha velho, uns trapos que já foram roupas e vestiu um pau amarrado em forma de cruz. Ficamos curiosos. Ela nos disse que seria para espantar os pássaros.

Eu quase ri. Como aquele pau vestido com roupa velha, com chapéu de palha, de braços abertos, iria impedir os pássaros de se deliciarem com as jabuticabas? Porém, funcionou.

E às vezes pessoas vazias de sentimentos nos assustam com palavras, igual a um espantalho para os pássaros, colocam o medo em nossa mente, impedindo assim, que consigamos o néctar da vida.

Lembre-se, são somente trapos amarrados.

04 de Outubro de 2015.

domingo, 27 de setembro de 2015

Ver

E meus óculos continuam rendendo história. Como as lentes são feitas para melhorar minha visão de perto, quando estou a ler e preciso olhar para frente, eu perco o foco, fica tudo distorcido e causa muito desconforto.

Para diminuir o desconforto, acostumei a deixar meus óculos, que tem lentes pequenas, na ponta do nariz, assim, consigo ler meus livros, ver as novidades no celular e, quando preciso olhar para frente, olho por cima dele. Fico parecendo um vovozinho, mas, funciona.

Depois de velho aprendi a ver.

Quantos de nós nascemos com a visão perfeita, mas, não enxergamos a realidade?
É preciso aprender a ver.

27 de Setembro de 2014.

domingo, 20 de setembro de 2015

Idoso

Li em algum lugar que pessoas idosas ficam aliviadas e até alegres quando sofrem pequenos acidentes ou quando são acometidos por uma doença passageira. Por que não se entristecem, não se abatem?

Nós, no auge da nossa energia e beleza, ficamos de cama por causa de resfriados. Nós abatemos e ficamos deprimidos por qualquer coisa negativa que nos acontece. Desistimos tão facilmente no primeiro obstáculo que aparece.

O segredo dos velhinhos se sentirem aliviados e alegres nas pequenas adversidades é que, se perderam uma batalha, significam que ainda estão ganhando a guerra. Estão vivos!

20 de Setembro de 2015.

domingo, 13 de setembro de 2015

Óculos II

E não tem nem um mês que adquiri óculos e já o esqueço por ai. O problema que consigo ler quase tudo sem precisar dele. As letras ficam menores, tenho que apertar mais os olhos, fixar melhor a visão e, se a claridade for boa e a letra não for minúscula, deixa os óculos prá lá.

Às vezes a gente pensa ser forte o bastante para seguir em frente sem precisar de fé e esperança, basta nossa coragem. Porém, o caminho fica difícil, falta luz. As pontes parecem estreitas demais para o nosso passo, e armadilhas podem estar escondidas.

Como os óculos tornam minha leitura melhor, a fé e a esperança torna nossa caminhada mais tranquila, mais fácil. O caminho fica mais claro, a ponte mais larga, basta atravessar.

13 de Setembro de 2015.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Prótese

Dias frios me fazem lembrar que tenho pinos ligando meu fêmur ao quadril, implantados há quase seis anos, depois de um acidente no qual fraturei a cabeça do fêmur. Levo uma vida quase normal até virar o tempo e o local do implante começar a doer. No frio, lembro que aquele pino não faz parte de mim, é uma extensão artificial que liga minha perna ao resto corpo.

A tecnologia e a medicina avançaram tanto que já há próteses que substituem partes de nossos corpos tão bem e funcional que esquecemos que não nascemos com elas.

Nos dias de hoje, com tanta informação e tanto meio de comunicação (porém, de poucos e ricos donos!) que agem como próteses, substituindo nosso cérebro e, pior, nosso sistema nervoso central. TVs, rádios, jornais, revistas e blogs pensando por nós e fazendo-nos reagir como e quando querem.

Quando o frio da alma irá nos avisar o que é certo?

Você nasceu com um cérebro: pense. O sistema nervoso central é seu: aja da forma certa.

07 de Setembro de 2015.

domingo, 30 de agosto de 2015

Óculos

Há algum tempo tenho sentido dificuldades em ler. Tudo ficava meio enuviado, embaçado, tinha de apertar os olhos para identificar as letras e palavras. Receitas, caixas de remédios e as famosas “precauções” já não enxergava nem apertando os olhos.

Adiei bastante a visita ao oftalmologista, pois, tirando esta dificuldade em ler letras pequenas ou em lugares de pouca luminosidade, eu ainda enxergava bem. Via o horizonte, não me atrapalhava caminhar e dirigir ou reconhecer as pessoas.

Peguei meus óculos nessa segunda-feira e me surpreendi com a diferença, agora eu vejo e leio tudo, não importa o tamanho da letra e, quando achava que faltava iluminação, na verdade, faltava visão. Agora as letras são grandes, ampliadas e nítidas.

Instrumentos legais os meus óculos, ampliaram minha visão para perto. O longe? Ainda não preciso de óculos prá isso, mas sei que o amor também aumenta a visão e os horizontes.

30 de Agosto de 2015.