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sábado, 24 de dezembro de 2016

Vírus


A forma mais fácil de infectar seu computador com um vírus é clicar em links que, a priori, venham a te mostrar um segredo. Depois de infectado, demorará para perceber (se perceber), sua máquina não funcionará corretamente, terá roubadas informações importantes e até perda de dados.

Da mesma maneira, muitos segredos são revelados (ao contrário do que parece, o segredo existe para ser revelado) nos infectam como um vírus, nos iludindo com a crença que somos especiais, que merecemos ter nossos desejos realizados: poder, riqueza, conforto e felicidade. O vírus precisa ser alimentado, então vai acrescendo mais desejos e, cada vez mais, sucumbimos a vontade do “Eu” e esquecemos do “Tú” ou do próximo.


A infecção se generaliza e o mundo fica cada vez mais egoísta.

Existe uma vacina, muito mais antiga que os segredos, presente quase que no inconsciente: O Sagrado.


Ética (judaísmo), Amor (cristianismo), Servir (islamismo) e Desapego (budismo) são alguns ideais do Sagrado e visam nossa libertação do “Eu”.

24 de dezembro de 2016.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Fome

Na infância, já um tanto longe na contagem de luas, meses, anos, décadas, mas tão perto na lembrança, ajudei minha família plantando sementes, cuidando da lavoura e colhendo os alimentos crescidos. Para cada semente plantada, aplaquei minha fome e de outras bocas, várias vezes.

Nunca percebi a importância disso. Poucas sementes, um certo cuidado e alimento suficiente para acalmar vários estômagos.

Hoje, a minha alma está faminta. E, como a outra fome, dói, agoniza, desespera.

Por isso, semeio palavras. Quero colher e compartilhar conhecimento. Saciar.

17 de Dezembro de 2016.

domingo, 27 de novembro de 2016

Correnteza



Uma vez tentei atravessar um canal, sem saber que ali tinha correnteza. Sem habilidade, sem força, mas com apego enorme a vida, me vi em apuros, lutando com um inimigo mais forte, mais poderoso e implacável.


O rio, em sua natureza, seguia o seu caminho, cada vez mais forte em busca do seu apogeu: O mar.

Eu, simples inseto, sem entender a energia do oponente, perdido, cansado, perdendo folego, buscava alcançar o meu objetivo: chegar na margem e viver.

Soberba e medo: mente bloqueada. Desespero. "- Espera, Neto." "- Você vai morrer, o que está fazendo?"

Lucidez e equilíbrio. Nade a favor da correnteza. Saia mais a frente, mas, sobreviva. Use a força do oponente e vença-o.

Estou aqui, escrevendo minhas experiências.

27 de Novembro de 2016.

domingo, 23 de outubro de 2016

Raízes e Galhos

Já vi árvores arrancadas pela tempestade. Raízes expostas da árvore na horizontal. Depois de um tempo, sem folhas, eram fácil notar que havia pouca diferença entre raízes e galhos: seguem em direção contrária, mas, incrivelmente, de forma simétrica.

Raízes buscam dentro da terra a água e os nutrientes, os galhos, desafiam a gravidade em busca do Sol, para que através da fotossíntese metabolize e crie mais nutrientes.

Raízes são galhos que penetram na terra. Galhos são raízes que se estendem para o alto. E todos buscam o alimento que nutre a árvore.

Quero ser árvore. Tenho minhas raízes, delas absorvo das gerações passadas certo aprendizado, mas, não é suficiente, preciso de galhos. Como antenas, me tragam mais conhecimento e transforme para melhor o que vem de minhas raízes. Só assim, eu cresço.

22 de Outubro de 2016.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Luar


Na infância, quando precisava sair de madrugada ou voltar tarde da noite, na época que não existia iluminação pública e casas iluminadas eram raras, ficava hipnotizado pela Lua. Acreditava que ela nos seguia, às vezes, mudava de lado, às vezes atrás, outras na frente, mas, sempre junto, iluminando nosso caminho, mostrando um mundo prateado e mágico.

Perguntei aos meus pais por que a Lua nos seguia. Acho que cansados da vida difícil de ser adulto e ter de sair à noite com crianças, não me deram respostas.

Cresci um pouco, aprendi que a Lua não me seguia. Ela estava imóvel no céu, quem se movimentava era eu. Ilusão.

Quem sabe, a gente sempre em busca da luz, de iluminação, corremos atrás dela sem nunca alcançar. Vivendo a ilusão da busca, não vemos a beleza e a magia que ela nos apresenta.

Se não alcançamos a Luz, enxerguemos, ao menos, o que ela nos revela.

12 de Outubro de 2016.

sábado, 10 de setembro de 2016

Ortodoxo

Na minha época tradição era estudar até onde der e começar a trabalhar cedo. Se fosse mulher, poderia estudar mais tempo, mas, trabalho, só em casa, cuidando do marido e das crianças.

Ah! A faculdade é longe. É cara! O trabalho é longe. É cansativo! O salário é pouco. A noite é curta. O ônibus é cheio. E o livro, caro.

"- Para que você quer estudar mais? Economiza dinheiro, compra um terreno, lá no fundão tem uns lotes baratos (mais longe). Logo chega luz, água, talvez uma creche e, em alguns anos, uma escola."

A universidade continua longe.

E assim, de geração em geração, mais longe da dignidade se fica.

Mérito de quem mora perto, de quem tem dinheiro. De quem tem saúde, segurança e mais de um carro na garagem.

Ortodoxo é o novo liberal. As coisas são assim e assim devem ser, devem continuar.

“-Mudar? Não, isso é coisa de revolucionário, de socialista, de desordeiro, comunista, black bloc, feminista, classista, amante de gays e outros tantos que não enxergam que progresso é ordem.”

Progresso de quem? Ordem prá quê?

Eu não quero tradição. Quero transgressão. Atravessar o rio e não só construir a ponte. Quero evolução, quero revolução.

10 de Setembro de 2016.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Reativar

Baterias automotivas, como tudo na vida, tem um ciclo. Sua vida útil pode durar mais se o seu ciclo de carga e recarga for lenta, da mesma forma, se este ciclo for rápido ela se esgotará em menos tempo. De qualquer forma, em algum momento, a reação química de seus elementos parará de funcionar. Não produzirá mais energia. Vai morrer. Esgota-se.

Porém, em alguns casos, uma bateria parada, descarregada, muito próxima do término de sua vida útil, ao receber novos elementos e uma corrente elétrica, volta a ser ativa e, assim, consegue prolongar aquela ciclo que parecia se esgotar.

Ciclos que não se completam, que não se esgotam por inteiro, podem ser reativados. Não se enganem, se algo estar próximo a se extinguir e, se isso for bom para você, deixe que ele termine, que ele se esgote naturalmente. Interrompê-lo, principalmente de forma brusca, pode reativá-lo, iniciando assim, um novo ciclo.

31 de Agosto de 2016.

sábado, 30 de julho de 2016

Ideia


Adolescente paulistano, achava engraçado a forma que parentes do interior da Bahia falavam. Muitas palavras novas, algumas ditas de formas diferentes, o sufixo diminutivo “inho” virava “im”: “cafézim”, “pequenim”, “azuzim”. Juro que mais do que engraçado, eu achava bonito ou “bunitu”, como eles diziam. Via bastante charme naquele sotaque.

Mas, os significados, ah! isso sim, era interessante. Uma vez, ouvi um tio-avô dizer “-Fulano perdeu a ideia! ”. Demorei para entender. Que ideia era essa? No meu jeito paulistano de pensar, ideia era algo que surgia para resolver um problema, inventar uma brincadeira. Ideia era aquela coisa fantástica de descobrir ou criar algo bom.

Como alguém perde a ideia? Quebrava a cabeça em busca do significado. Será que não seria “roubaram a ideia”? Prestei mais atenção no rumo da conversa e aprendi uma coisa genial: “Perder a ideia”, para meu querido povo do interior baiano, era “perder o juízo”, “enlouquecer”, “ficar doida”.

E nós, cheios de conhecimento, mas, vazios de entendimento, buscamos a ideia que nos salvará, que nos tornará importantes. Achamo-nos inteligentes, não notamos que somos todos loucos que buscam a lucidez. E que chegue a ideia. Que se faça a luz!

30 de julho de 2016.

sábado, 4 de junho de 2016

Frouxidão


Falando em roupa que não me serve mais, ainda preciso aprender minhas novas medidas. Comprei uma calça mais larga do que o necessário. Frouxa, costuma cair, faz aparecer o que eu não gostaria, me envergonha. Ajustar, torná-la justa se faz necessário.

Tempos modernos de pessoas com pensamentos largos, capazes de ver o limpo naquele que tem tudo e de só enxergar a sujeira naquele que não tem onde morar. O primeiro é lindo. O outro, nojento. O primeiro, por mérito, ganha mais. O segundo não merece nada. O primeiro você dá a mão. O segundo, as costas.

Meu Pai celestial, por favor, que meu caráter seja justo. Me afasta dessa frouxidão moral, que faz as pessoas verem em mim, o que deveria me envergonhar.

04 de Junho de 2016.

sábado, 28 de maio de 2016

Água

A água é um elemento incrível. Além de existir em 3 formas: líquido, sólido e gasoso; ainda é capaz de quebrar as leis da física, pelo menos no meu leigo ponto de vista.

Quando criança, costumava ver uma mancha de água “subir” por um pedaço de pano ou papel, como se buscasse o topo. Começava de forma afoita, rápida e, depois, diminuía a velocidade, pacientemente subia devagar, tomando o terreno, infiltrando pelas fibras, tornando-se uma coisa só e, no final, encharcando o tecido ou o papel.

E se nossos pensamentos fossem como a água? Se eles tivessem o poder de quebrar leis inquestionáveis? Se pudesse se infiltrar pelas coisas? Mudar de forma?

Talvez seja. E, por via das dúvidas, que eles sejam límpidos, transparentes, que nutra o que for bom, como água que nos limpa e nos sacia a sede.

28 de Maio de 2016.

sábado, 21 de maio de 2016

Roupa velha

Outro dia, abri o guarda-roupa para procurar um velho jeans desbotado, o meu preferido. Peguei-o. Infelizmente, não me coube mais. Decepcionado, pensei até em emagrecer para usar a peça de roupa tão querida. Desisti logo. Melhor doá-lo, provavelmente, existe alguém que necessita dele mais do que eu.

Lembranças de um velho jeans guardado. E às vezes, guardamos lá no fundo da alma, situações passadas, aventuras vividas, sentimentos intensos. Como roupa velha, não nos servem mais, mas, guardamos ali, talvez com a esperança de viver tudo de novo. Não dá. Passou.

Eu aprendi. O que não me cabe mais, eu doo. Quem precisar, que vista. Quem quiser, que leia.

21 de Maio de 2016.