Domingo de corrida em Interlagos, pouco
tempo atrás, era sinônimo de encontro de amigos na laje para verem a corrida
(pedacinhos dela) de graça. Cada um levava alguma coisa, carne, bebidas, doces
e a alegria da comunhão que, em outras palavras, significa amor.
As lajes da favela continuam
cheias em domingos de F1. Alguns felizes por pagarem pouco e outros felizes por
receberem muito. Comunhão?! Não. Aqui assiste quem tem dinheiro, amigos ficam
para outros domingos. As lajes da comunidade se tornam camarotes, onde se
recebem os “gringos” com seus dólares e euros.
No Rio de Janeiro, a melhor vista da
cidade maravilhosa ficava nos morros, no meio da comunidade. Ali se tinha pouco
dinheiro, em compensação, a vista era boa e de graça.
Com a “pacificação” um fenômeno se
iniciou. Estrangeiros endinheirados começaram a comprar casas na comunidade. O
preço é barato para quem paga, mas, suficiente para iludir quem vende,
pois, em pouco tempo, descobrirá que o que recebeu só dá para comprar um barraco num lugar mais afastado e pior.
Acontece o mesmo no carnaval de
Salvador, nas praias de Trindade e Trancoso e em tantos outros lugares.
E assim, ao invés de agregar, de
comungar, nós separamos, pior, segregamos. Quem pode mais se apossa e expulsa
quem não pode tanto.
Se comungar é amor, como a gente
chama a segregação?
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