Aprendi com meu pai a construir castelos de areia. Eles não eram uniformes, não tinham torres, nem bandeiras, nem muralhas.
Quando criança, vi meu pai cavando a areia molhada e ele a deixava escorrer pelos dedos. As gotas de areia iam tomando a forma de pirâmide, que mais tarde me lembrou as torres de Gaudi, mas isso não vem ao caso.
Aquele era o seu castelo de areia. Não era nada sofisticado, então, ele não se importou de compartilhar sua construção comigo e eu comecei a imitá-lo, depois chegou meus irmãos e repetiram o gesto. A torre crescia, naquela forma escorrida e engraçada e, em determinados momentos, ela desabava e imediatamente apareciam novas formas.
Quase como num transe íamos os quatro construindo uma torre que desabava e se transformava. E nunca sabíamos quando, em que pingo de areia, de que mão viria aquele pingo que faria a torre ceder, nem no que se transformaria.
Ao compartilhar ações construtivas é sabido que num momento, aquele pingo a mais de alguém, transformará tudo ao redor, mas, não é um colapso, é uma nova construção, uma nova forma, uma mudança criativa.
29 de Novembro de 2015.
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