A
chácara que morei quando criança era cortada por um córrego. Era muito pequeno
no início, tanto que podíamos cruzá-lo com um passo e nos divertíamos
construindo diques, mas, a água sempre dava um jeito de continuar. Mais a frente
alargava, precisávamos de um pulo para chegar à outra margem e, já fora dos
limites da chácara, a única forma de atravessá-lo sem molhar os pés era cruzando uma pequena ponte de troncos. E ele continuava seu curso, crescendo, até
desaguar na represa do Guarapiranga, que nunca me passou pela cabeça tentar cruzá-la.
Sei
que de alguma maneira, aquele córrego venceria também esta represa, e aquelas
águas um dia alcançariam o mar.
Quero
ser rio, começar humilde, fazendo o caminho possível, vencendo
os obstáculos com paciência, seguindo em frente, adquirindo força, expandindo
e, quando chegar ao que parece ser o máximo, me lembrar que preciso continuar e
me juntar a outras águas num oceano infinito.
07
de Outubro de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário