Meu pai costumava brincar com as crianças oferecendo várias
moedas de pequeno valor que elas pegavam radiantes de felicidade, acho que até
se achavam ricas. Em seguida, ele pegava uma única moeda que superava o valor de
todas as outras e oferecia em troca. Claro que as crianças preferiam ficar com
dez moedas de um centavo do que com uma de um real.
E até tentávamos convencê-las que com a moeda maior se poderia comprar mais do que o monte de moedas pequenas, mas eram irredutíveis. Às vezes, aparecia uma criança mais esperta e convencia o meu pai a dar todas as moedas, até porque ele já estava disposto a fazer isso.
E assim, depois de crescidos, ainda somos seduzidos pelo pouco que achamos ter conseguido (ou o 1% que teimamos enxergar). Com medo de perder o pouco, deixamos de conquistar o todo.
O todo já é nosso. Basta acreditar, confiar, perseverar no que for bom e resistir ao controle do apego.
05 de Julho de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário