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domingo, 28 de junho de 2015

Causa

No dia do meu batizado, eu tinha uns cinco anos, vestido com roupa nova e especial para a ocasião, rolei por um barranco por três vezes. Na ansiedade de ter meus vizinhos na festa, ia convidá-los, ou melhor, apressá-los. No caminho de volta, faltava coordenação para descer com calma e cuidado, então, eu rolava. Fui quatro vezes, rolei três. Não me machuquei (eu acho), mas, a minha mãe me perguntava sobre a roupa suja e amassada, sobre a terra no cabelo etc. Na última vez, mais envergonhado do que com medo, mudei a estratégia, deixei de lado a pressa, aumentei o cuidado e desci, sem rolar. Aprendi que o problema não era o barranco, era eu.

O legal de escrever um blog é que começamos olhar para dentro de nós mesmos. É a única forma de conseguirmos encontrar assuntos para escrever. E olhando para dentro percebemos que tudo o que acontece de bom ou ruim, principalmente o ruim, é causado por nós mesmos.

De alguma forma nossas escolhas geram as consequências ruins.

E eu não culpo mais ninguém. Evito, de todas as formas, falar mal do próximo, porque, na verdade, a realidade é um espelho. O que vemos de mal no outro, é o que carregamos na alma. Enxergamos nosso reflexo e, geralmente, ele é feio. Culpar o outro é a melhor forma de deixar as coisas como estão, afinal, é o outro. O que eu posso fazer? Reclamar, falar mal, jogar pedras. Porém, como num espelho, as reclamações, os xingamentos e as pedradas se voltam contra mim. Reação.

O lado bom é que, entendendo ser eu a causa, posso mudar minhas atitudes. Se eu quero o mundo mais bonito, eu preciso ser bonito. Se eu quero limpeza, tenho de ser limpo. Se eu quero justiça, tenho de ser justo.

28 de Junho de 2015.

domingo, 21 de junho de 2015

Maioridade

Há muito tempo eu li um livro muito velho e (muito grande também). Ele contava várias histórias, mas alguns fatos me chamaram a atenção. Tem a história de um homem que poupou o filho do sacrifício, substituindo-o por um cordeiro. Seu povo cresceu e se multiplicou.

Muitos anos depois, um descendente deste teve vários filhos. O mais novo gerou ciúmes em seus irmãos que o venderam como escravo para uma grande nação. De escravo ele passou ser o principal conselheiro de seu Rei, salvou esta nação e o próprio povo. 

Passaram mais alguns séculos e os descendentes daquele menino tornaram-se novamente escravos da grande nação (com tantos escravos, qualquer vilinha se tornará uma grande nação, é lógico!). O novo rei, em determinado momento, mandou matar todos os recém-nascidos do povo escravo. Um se salvou e libertou aquele povo e a Nação, sem escravos, perdeu sua magnificência.

Uns dois mil anos depois, outro rei mandou matar novamente os recém-nascidos do povo descendentes daquele primeiro sacrifício poupado. Um novamente se salva para desafortúnio do rei e seus descendentes.

Passaram-se mais dois mil anos e esta história vem se repetindo ao longo dos séculos.

Hoje, por não saber se estou do lado de quem vai continuar ou de quem vai sucumbir, prefiro proteger a todas as crianças que sejam oprimidas.

21 de Junho de 2015.

domingo, 14 de junho de 2015

Prova(ção)

Acredite se quiser, mas eu não gostava quando o professor chegava no dia da prova e dizia que esta seria com consulta. Entendia que desta maneira não provaria nada, não mostraria que tinha valor, pois, só copiaria as respostas. Claro que nunca evidenciei isso e, de certa maneira, ficava feliz pelos outros.

De qualquer forma as respostas sairiam dos mesmos livros. As lições aprendidas sairiam das mesmas aulas. Só que, na prova com consulta, parecia-me que eu não era merecedor. Não enfrentei dificuldades, me faltou a ansiedade, o medo de errar e a nota final satisfatória teria um gostinho de vergonha.

Talvez o Criador, muito sábio, entendeu que simplesmente dando as respostas, ao invés de felicidade sentiríamos envergonhados. Assim, mesmo que as respostas sejam evidentes, nos faz pensar que nós as encontramos, que as criamos e, assim, merecemos a vitória sem culpa.

14 de Junho de 2015.

domingo, 7 de junho de 2015

Transferência

Quando criança via os adultos usarem 2 copos para esfriar o leite. Ficavam transferindo o leite de um copo para o outro até chegar a uma temperatura que não nos queimaria a boca. Vi diversas vezes meus pais fazerem isso com o leite. Não entendia muito bem o que era, o que acontecia e até ficava emburrecido pela demora em tomar o leite.

O líquido até esfriava, mas os dois copos ficavam aquecidos. O calor era transferido e compartilhado entre os dois copos.

Mais tarde, também aprendi que o calor se dissipava no ar também, no espaço entre os dois copos.

E se fosse gelo o conteúdo transferido de um copo para o outro?

Como um copo frio e inerte nós podemos receber calor. Se tivermos conteúdo aquecido podemos transferi-lo também, e, nesse processo, o ar em volta também recebe um pouco de calor.Tudo pode ser transferido, compartilhado. Calor e frio.

7 de Junho de 2015.