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domingo, 27 de dezembro de 2015

Verdade

Pitágoras, no século 6 antes de Cristo, virou piada por afirmar que o planeta Terra era redondo.

Três séculos depois (século 3 a.C) outro grego afirmava que a Terra girava em torno do Sol. Claro que quase ninguém acreditou nesse “absurdo”.

No século 2 a.C o astrônomo Erastótenes acertou com precisão o perímetro da terra (cerca de 40.000km), claro que ninguém acreditou, afinal, a Terra nem era redonda.

No século 2 depois de Cristo, o astrônomo grego Ptolomeu afirmou que a Terra era o centro do Universo – todos acreditaram nisso durante os seguintes 1.400 anos. Galileu Galilei até foi condenado por heresia por ir contra essa ideia.

Hoje, a única coisa que eu tenho certeza é que meu ego “me” engana mais do que acerta.

27 de Dezembro de 2015.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Pergunta

Em toda história que li, em tudo o que eu estudei, eu sempre fazia uma pergunta a mim mesmo e tentava descobrir a resposta. “- O que o autor quer me dizer?” E nesse exercício cheguei a vários insights, muitos deles escritos neste blog.

E apesar de não ser tão religioso, sempre fui aficionado em histórias bíblicas e, nestas histórias, nunca deixei de fazer a tal da pergunta. Uma bem bacana é a história da arca de Noé. Onde quase todos viam uma história de recomeço, de fé e até de vingança, eu queria saber por que os animais da arca se respeitavam. Por que o leão não atacou a zebra? Por que as serpentes não comeram as aves? E tentando responder estas questões, aprendi uma das melhores lições que podemos levar para vida.

Estamos todos no mesmo barco. Ou nos respeitamos e tentamos construir um futuro justo ou vamos todos afundar.

20 de Dezembro de 2015.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Transformação

Quando criança eu tinha uma brincadeira que consistia em falar repetidas vezes uma palavra até a exaustão. Durante esta repetição, inconscientemente a palavra ia mudando, mas eu continuava. No final eu estava repetindo uma palavra totalmente diferente da que começou e, pelo menos no meu caso, eu nem lembrava mais da primeira palavra.

E como na brincadeira de criança, venho escrevendo este blog há sete anos. Não lembro como começou, esqueci várias passagens neste tempo e não sei como será o futuro das publicações.

A gente vai repetindo o que for bom, os resultados vão se transformando e mesmo que você não perceba, mesmo que você não entenda, mesmo que você tenha esquecido como começou, a mudança, a transformação virá quando ela for necessária.


13 de Dezembro de 2015.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Compromisso

Circula na internet a história de uma mulher que levantou um carro para salvar o filho preso embaixo dele. Uma mulher comum, mas com a adrenalina a mil, fez o que pensava ser impossível para salvar o filho.

Se tivessem dito a ela que era possível levantar um carro, com certeza ela não acreditaria. Se conseguissem fazer com que acreditasse, e, se ela tentasse, com certeza não conseguiria de primeira. Provavelmente diriam a ela que, se ela treinasse bastante, conseguiria. Mas, por que ela faria isso?


Agora, se ela soubesse o que iria acontecer, tenho certeza que ela teria treinado bastante, incansavelmente, dia e noite.

Se eu soubesse que precisaria de muita força para salvar alguém que eu amo em poucos dias, tenho certeza que começaria a treinar imediatamente e incessantemente porque sei que não sou forte.

E se eu falasse que a nossa felicidade depende de tornar os outros felizes? E se a gente tivesse a certeza que o nosso futuro e o destino das pessoas queridas dependesse desta ação de fazer o mundo mais feliz? O que você faria?

06 de Dezembro de 2015.

domingo, 29 de novembro de 2015

Castelo de areia


Aprendi com meu pai a construir castelos de areia. Eles não eram uniformes, não tinham torres, nem bandeiras, nem muralhas.

Quando criança, vi meu pai cavando a areia molhada e ele a deixava escorrer pelos dedos. As gotas de areia iam tomando a forma de pirâmide, que mais tarde me lembrou as torres de Gaudi, mas isso não vem ao caso.

Aquele era o seu castelo de areia. Não era nada sofisticado, então, ele não se importou de compartilhar sua construção comigo e eu comecei a imitá-lo, depois chegou meus irmãos e repetiram o gesto. A torre crescia, naquela forma escorrida e engraçada e, em determinados momentos, ela desabava e imediatamente apareciam novas formas.


Quase como num transe íamos os quatro construindo uma torre que desabava e se transformava. E nunca sabíamos quando, em que pingo de areia, de que mão viria aquele pingo que faria a torre ceder, nem no que se transformaria.

Ao compartilhar ações construtivas é sabido que num momento, aquele pingo a mais de alguém, transformará tudo ao redor, mas, não é um colapso, é uma nova construção, uma nova forma, uma mudança criativa.

29 de Novembro de 2015.

domingo, 22 de novembro de 2015

Neblina

Quem já dirigiu sob neblina sabe o que significa medo. Ter de guiar o carro sem ver o que há a frente é algo que causa pavor. O pior que você também não pode simplesmente parar, pois, causará um acidente, então, com medo, você continua.

Eu, quando tive de dirigir nessa situação, busquei orientação nas faixas demarcadas no solo, assim, eu sabia quando precisava virar à esquerda ou à direita. Sabia que não bateria num muro nem cairia numa ribanceira. Na frente eu precisava confiar e torcer para não aparecer nenhum obstáculo.

Algumas vezes ficamos tão perdidos e o medo nos impossibilita enxergar o futuro. Na verdade, nunca o enxergaremos. A gente pode imaginar nosso futuro
, pelos nossos atos e escolhas no presente. E aqui no presente, precisamos buscar a sinalização (deixada há muito tempo, por pessoas sábias) que nos balizará evitando os obstáculos fatais.

O que vem a frente? É preciso confiar.

22 de Novembro de 2015.

domingo, 15 de novembro de 2015

Desejo de Deus?

O desejo humano de possuir riquezas pode transformar em lama tóxica o que a natureza levou milhões de anos para formar. E o ser humano é só desejo. Deseja posses, deseja poder, deseja estar certo, deseja que o próximo o siga. Como desculpa de dar ao Criador o que Ele quer, matamos uns aos outros.

Dizem que somos feitos imagem e semelhança do Criador. Carregamos dentro de nós o Seu sopro. E de onde vem este desejo? O que eu tenho de dar ao Deus?

O Criador já tem tudo, Ele que fez, não precisa de mais nada. O Criador nos deu o Universo, nos deu as provisões, nos deu a vida através de um sopro (será que não colocou dentro de nós uma alma?) e continua nos dando os dias para corrigirmos nossos erros.

A natureza de Deus é dar.

Eu não posso dar nada a Quem já tem tudo. Se queremos ser imagem e semelhança do Criador, o nosso desejo não pode ser o de ter/possuir.

15 de Novembro de 2015.

domingo, 8 de novembro de 2015

Caminho do meio

Ontem assisti uma comédia antiga e que gosto muito: “Meu primo Vinny” (1992). Me diverti como da primeira vez. O filme conta a história de dois rapazes que foram presos e acusados erroneamente por assassinato, para livrá-los da prisão e da pena de morte, os rapazes contratam um atrapalhado e inexperiente advogado, o primo Vinny do título.

Eu adoro filmes de tribunais. Promotor, advogados de defesa, juízes, testemunhas, jurados todo esse clima me parece um show, onde se tenta provar uma verdade.

O promotor exagera os pontos negativos dos acusados, o advogado de defesa faz o contrário e mostra os pontos positivos e virtudes dos réus e o juiz, tenta evitar os exageros de ambas as partes usando os recursos da lei. O resultado disso tudo deveria ser a justiça.

Algumas vezes, pessoas nos tiram do sério fazendo-nos reagir. Brigando, xingando, gritando, tentando fazer a justiça com “as próprias mãos”, mostramos todo o nosso lado negativo, assim, acabamos por perder a razão. Outros, também mal-intencionados e sabendo de nossas virtudes, nossas boas inclinações, nos adulam para que colham vantagens, no final quem acaba prejudicado, mais uma vez, somos nós.

Quando se sentir  bruscamente “puxado” em uma ou outra direção, é preciso buscar o equilíbrio, buscar a verdade, só assim a justiça prevalecerá.

8 de Novembro de 2015.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Intenção

Passei minha infância inteira negando minha vontade de doces e balas, pois, meus pais me advertiram inúmeras vezes para não aceitar doces de estranhos.

Mas ganhar doces é bom ou ruim?

Ganhar balas de avós e tios talvez seja bom. Se algum pervertido usar balas para atrair e sequestrar uma criança é ruim.

Então doces e balas são ruins ou boas? Não tem resposta certa. A questão é a intenção de quem dá ou recebe. E, se acha muito cruel negar doces a crianças, é melhor se passar por cruel do que sentir culpa e arrependimento no futuro. O julgamento tem de ser sempre das intenções.

02 de Novembro de 2015.

domingo, 25 de outubro de 2015

Vítima

Minha matéria favorita nos tempos do ginásio era História. O engraçado desta disciplina é que ela é cheia de heróis, mas, que só se tornaram heróis nas páginas dos livros escritos depois que se foram. Na época em que viveram eram tidos como marginais, foram perseguidos, presos, atacados, difamados, muitas vezes por aqueles que tentavam proteger.

Nelson Mandela, Martin Luther King, Gandhi, Jesus Cristo, Moisés. Qual a diferença entre esses perseguidos e marginalizados em seus tempos, heróis nos livros de história, de tanta gente oprimida em todos os tempos?

Eles não aceitaram a posição de vítima, viram na adversidade uma oportunidade de mostrar a legitimidade de sua causa e agiram de forma a mostrar ao mundo porque eles lutavam. Agiram positivamente nas horas difíceis.

A história me ensinou que podem te perseguir, te acusar, te oprimir, mas, a escolha de se tornar vítima ou herói é e sempre será somente sua.

25 de Outubro de 2015.

domingo, 18 de outubro de 2015

Obstáculos

Sobre escrever este blog eu sei que alguns podem pensar que seja trabalhoso produzir publicações toda semana. Não penso nisso, mas, confesso que evito pensamentos negativos do tipo: “eu não acredito que consigo”, “isso dá muito trabalho”, “não tenho capacidade”. E, só de pensar assim, as oportunidades e insights surgem.

Se você não acreditar na sua capacidade você vai acreditar em quê? Se você acha trabalhoso fazer algo, talvez, na verdade, você espera reconhecimento ou algo que “pague” seu esforço. Não quero isso, eu sei que felicidade e sucesso são dádivas do Divino, meu papel nesse mundinho é só agir.

A mesma coisa é a capacidade de se fazer algo. Puxa vida, eu nasci, aprendi e passei por tantas coisas (e continuo aprendendo e passando), então a palavra chave não é capacidade, é confiança. Confio que o Divino me capacitará e isso me basta.

E, depois de tudo isso, o pior que pode acontecer é eu ser julgado de forma negativa, mas, em tudo que você faz sempre haverá alguém que reagirá mal. Então, eu não ligo, eu não me importo com isso, porque eu sei que tudo o que eu fizer, no final das contas, sempre será entre mim e minha consciência, ou, se preferir, entre mim e Deus.

18 de Outubro de 2015.

domingo, 11 de outubro de 2015

Girassol

Às vezes ouço, e tem gente que acredita, que sou intelectual ou tenho um jeito intelectualizado. Que nada! Ledo engano. Sou muito mais da roça do que da intelectualidade.

Plantei muita coisa: milho, feijão, amendoim, mandioca, batata-doce, girassol. Este último era incrível, uma flor gigante, altiva, eu achava que era o rei das flores, com um jeito imponente, com sua coroa e face virada para cima, girava buscando o sol e, ao escurecer, descansava como se olhasse o chão.

E talvez a confusão que façam ao me verem, é que, mesmo com meu jeito campesino, vivo buscando a luz. Se pareço altivo, na verdade eu tento chegar mais perto do Sol porque, sem Ele, humildemente me retraio, mas, sem perder a esperança, pois sei que depois da noite escura, sempre haverá uma nova alvorada.

11 de Outubro de 2015.

domingo, 4 de outubro de 2015

Espantalho

Muito criança lembro-me de uma primavera e uma jabuticabeira carregada com suas frutas maduras e doces. Pena que não era só nós que apreciávamos o fruto. Pássaros começaram dividir as frutas com a gente, meninos descalços, cabelos despenteados, corpos quase nus.

Minha mãe, para que sobrassem mais jabuticabas para nós, arrumou um chapéu de palha velho, uns trapos que já foram roupas e vestiu um pau amarrado em forma de cruz. Ficamos curiosos. Ela nos disse que seria para espantar os pássaros.

Eu quase ri. Como aquele pau vestido com roupa velha, com chapéu de palha, de braços abertos, iria impedir os pássaros de se deliciarem com as jabuticabas? Porém, funcionou.

E às vezes pessoas vazias de sentimentos nos assustam com palavras, igual a um espantalho para os pássaros, colocam o medo em nossa mente, impedindo assim, que consigamos o néctar da vida.

Lembre-se, são somente trapos amarrados.

04 de Outubro de 2015.

domingo, 27 de setembro de 2015

Ver

E meus óculos continuam rendendo história. Como as lentes são feitas para melhorar minha visão de perto, quando estou a ler e preciso olhar para frente, eu perco o foco, fica tudo distorcido e causa muito desconforto.

Para diminuir o desconforto, acostumei a deixar meus óculos, que tem lentes pequenas, na ponta do nariz, assim, consigo ler meus livros, ver as novidades no celular e, quando preciso olhar para frente, olho por cima dele. Fico parecendo um vovozinho, mas, funciona.

Depois de velho aprendi a ver.

Quantos de nós nascemos com a visão perfeita, mas, não enxergamos a realidade?
É preciso aprender a ver.

27 de Setembro de 2014.

domingo, 20 de setembro de 2015

Idoso

Li em algum lugar que pessoas idosas ficam aliviadas e até alegres quando sofrem pequenos acidentes ou quando são acometidos por uma doença passageira. Por que não se entristecem, não se abatem?

Nós, no auge da nossa energia e beleza, ficamos de cama por causa de resfriados. Nós abatemos e ficamos deprimidos por qualquer coisa negativa que nos acontece. Desistimos tão facilmente no primeiro obstáculo que aparece.

O segredo dos velhinhos se sentirem aliviados e alegres nas pequenas adversidades é que, se perderam uma batalha, significam que ainda estão ganhando a guerra. Estão vivos!

20 de Setembro de 2015.

domingo, 13 de setembro de 2015

Óculos II

E não tem nem um mês que adquiri óculos e já o esqueço por ai. O problema que consigo ler quase tudo sem precisar dele. As letras ficam menores, tenho que apertar mais os olhos, fixar melhor a visão e, se a claridade for boa e a letra não for minúscula, deixa os óculos prá lá.

Às vezes a gente pensa ser forte o bastante para seguir em frente sem precisar de fé e esperança, basta nossa coragem. Porém, o caminho fica difícil, falta luz. As pontes parecem estreitas demais para o nosso passo, e armadilhas podem estar escondidas.

Como os óculos tornam minha leitura melhor, a fé e a esperança torna nossa caminhada mais tranquila, mais fácil. O caminho fica mais claro, a ponte mais larga, basta atravessar.

13 de Setembro de 2015.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Prótese

Dias frios me fazem lembrar que tenho pinos ligando meu fêmur ao quadril, implantados há quase seis anos, depois de um acidente no qual fraturei a cabeça do fêmur. Levo uma vida quase normal até virar o tempo e o local do implante começar a doer. No frio, lembro que aquele pino não faz parte de mim, é uma extensão artificial que liga minha perna ao resto corpo.

A tecnologia e a medicina avançaram tanto que já há próteses que substituem partes de nossos corpos tão bem e funcional que esquecemos que não nascemos com elas.

Nos dias de hoje, com tanta informação e tanto meio de comunicação (porém, de poucos e ricos donos!) que agem como próteses, substituindo nosso cérebro e, pior, nosso sistema nervoso central. TVs, rádios, jornais, revistas e blogs pensando por nós e fazendo-nos reagir como e quando querem.

Quando o frio da alma irá nos avisar o que é certo?

Você nasceu com um cérebro: pense. O sistema nervoso central é seu: aja da forma certa.

07 de Setembro de 2015.

domingo, 30 de agosto de 2015

Óculos

Há algum tempo tenho sentido dificuldades em ler. Tudo ficava meio enuviado, embaçado, tinha de apertar os olhos para identificar as letras e palavras. Receitas, caixas de remédios e as famosas “precauções” já não enxergava nem apertando os olhos.

Adiei bastante a visita ao oftalmologista, pois, tirando esta dificuldade em ler letras pequenas ou em lugares de pouca luminosidade, eu ainda enxergava bem. Via o horizonte, não me atrapalhava caminhar e dirigir ou reconhecer as pessoas.

Peguei meus óculos nessa segunda-feira e me surpreendi com a diferença, agora eu vejo e leio tudo, não importa o tamanho da letra e, quando achava que faltava iluminação, na verdade, faltava visão. Agora as letras são grandes, ampliadas e nítidas.

Instrumentos legais os meus óculos, ampliaram minha visão para perto. O longe? Ainda não preciso de óculos prá isso, mas sei que o amor também aumenta a visão e os horizontes.

30 de Agosto de 2015.

domingo, 23 de agosto de 2015

Reação

Parece que faltou algo na última publicação (Embaraço). Em tempo, vamos lá. Eu sempre fui uma criança muito tímida e insegura. Os primeiros dias de aula para mim sempre foram uma tortura. E quando acontecia de ter de ir para uma turma diferente, falar meu nome (talvez o mais difícil, pois a maioria das crianças nem conseguiam pronunciar e alguns professores, idem), de onde vim etc., tudo isso causava dor e angústia.

Naquele dia, como em todos os outros, eu queria passar despercebido, torcia pra ninguém me ver, para não me perguntarem nada.

Enquanto eu reagia, deixando de fazer uma lição que sabia fazer, mentir quando era evidente que seria descoberto, mais atenção sobre mim eu chamava. E culminou no que aconteceu, e, ao contrário do que falei no texto anterior, eu lembro muito bem da dor, do desespero, dos olhos cheios de lágrimas, o nó na garganta que me sufocava, o riso das crianças que me causaram vertigens.

Sim. Eu reagi. Eu sabia fazer e não quis fazer. Tive a oportunidade de falar que não tinha feito a atividade mas, reagi novamente, chamando mais a atenção para mim.

O certo era eu ter feito a tal da redação, eu teria me saído bem, e a única frustração que eu teria tido era que, com certeza, a professora não teria pedido para eu a ler.

23 de Agosto de 2015.

domingo, 16 de agosto de 2015

Embaraço

Quando estava na segunda série (do antigo ensino fundamental, lá nos idos de 1977), a professora faltou e a turma foi dividida entre outras classes, assim, tivemos aula com outra professora e outras crianças. Claro que preferia ter ido embora, mas, fui obrigado a ficar na sala e a professora passou uma redação como atividade para sua turma e para seus novos agregados.

Eu, entre a rebeldia, a preguiça e meu pensamento reativo: “- essa professora nunca vai ver o caderno de um aluno de outra turma!”, resolvi não fazer a redação.

Depois de um tempo, a tal professora começou pedir que os alunos lessem as redações e, nesse momento, confesso que comecei a suar frio.

E não é que a tal professora pediu para eu ler a minha?!

Reagi novamente: Levantei, peguei o meu caderno e, fingindo estar lendo, comecei a contar uma historia coerente com o tema pedido em aula. Tudo ia muito bem (acho que já nem suava mais) até que um menino que sentava atrás de mim, me denunciou: “-O caderno não tem nada escrito, professora!”.

Todo mundo riu, a professora verificou e comprovou a denúncia. E eu não sabia onde me esconder de vergonha. Até a professora riu também e ainda completou dizendo que minha “redação” estava “indo tão bem...”.

A vergonha foi tanta que o meu inconsciente deve ter apagado as consequências do ato, juro que não lembro o que houve depois, mas, passou. Eu devo ter escrito a história que fingia ler, mostrei a professora, ela aceitou e acabou ai.

16 de Agosto de 2015.

domingo, 9 de agosto de 2015

Memória cheia

Ah! Esses tempos de WhatsApp! Recebo tanta mensagem, fotos, vídeos e áudios que, na maioria eu nem consigo ver, mas, se acumulam em meu aparelho de celular. Na correria do dia-a-dia, esqueço-me de limpar todo esse acúmulo de coisas que não vi, que não me interessam e que não me acrescentam, mas, elas ficam lá, deixando o meu celular lento, e, na hora que eu mais preciso dele, ele trava.

Quase diariamente eu apago tudo. Só assim ele funcionará bem, responderá minhas necessidades quando precisar, sem falar que será muito mais fácil encontrar uma foto que eu realmente tenha guardado.

Já pararam para pensar que guardamos muito lixo em nossa mente? Remorsos, culpas, coisas guardadas para abastecer nosso ego. Aí não dormimos direito, não pensamos direito, não agimos direito, não encontramos o que é necessário e, pior, travamos.

Limpe sua mente constantemente.

09 de Agosto de 2015

domingo, 2 de agosto de 2015

Vitamina D

Cientistas estão provando que o grande aumento de certas doenças como depressão, osteoporose, câncer da próstata e da mama, doenças cardíacas, diabetes e obesidade estão ligadas a falta da vitamina D.

Para evitar a falta de vitamina D basta tomar Sol. Então, como a população de um país tropical como Brasil, que tem Sol o ano inteiro, pode sofrer com a falta dela?

A vida moderna nos obriga a ficar dentro dos escritórios praticamente o dia inteiro e, nos poucos momentos que podemos usufruir do Sol, nos lambuzamos com protetores e bloqueadores solares, chapéus e roupas que cobrem pernas e braços.

Mais uma vez, filtros e bloqueadores de luz, são usados para nos proteger e às vezes causam um dano maior.

02 de Agosto de 2013.

domingo, 26 de julho de 2015

Campo de batalha

Tenho uma lembrança muito antiga. Lembro-me de meus pais, à noite, com velas nas mãos, à busca de uma chupeta perdida no quintal da chácara em que morávamos. Hoje não sei se foi um sonho ou real, mas lembro-me que havia muita angústia. Crianças têm dessas coisas, de ter seus desejos atendidos, não importa o sentimento ou necessidades dos outros.

E adultos queremos só para nós as ruas, os espaços, os assentos, as escadas-rolantes etc. “Segurança do próximo?” “Ele que sai da frente!”. “‘Eu’ preciso passar.”

Não sei de onde vem esse desejo que não respeita o outro, mas, não somos mais crianças, é preciso entender que ideias são captadas e também são transmitidas.

Transmita o que for bom.

 26 de Julho de 2015.

domingo, 19 de julho de 2015

Medir


Sempre que chega julho chega também aquele aperto no coração: já se passou metade do ano. E a gente vai envelhecendo e parece que o ano passa mais rápido. Como medir o tempo se ele encolhe a cada ano?

Antigamente eu contava o tempo na quantidade de vezes que revia meus avós; Em aniversários e natais; Em primaveras e verões; Em tempo de plantar e tempo de colher. Escola e férias.

365 dias. 12 meses. 52 semanas. 2 semestres. 4 estações. 525.600 minutos. Semanas de provas. Anos de formatura.

A gente vai ficando velho e tudo isso não importa mais. Tudo passa e tudo volta e parece que é sempre mais rápido.

Quero medir o tempo em quantas vezes eu pude dar amor, receber amor, ser amor. E que seja muito. E que seja longo. E que continue depois que eu me for. E que seja eterno.

19 de Julho de 2015.

domingo, 12 de julho de 2015

Aprendizado

Quase todas minhas publicações são feitas de lembranças. Simplesmente abro as cortinas da minha memória e a reescrevo aqui. De cada uma tento extrair algum ensinamento, algum aprendizado, um bom exemplo.

O maior de todos os aprendizados que adquiri é que tudo está aí, escancarado. Não há nada novo. Tudo já está pronto desde os primórdios do planeta. Só precisamos levantar as cortinas que escondem a luz e ver.

Newton não descobriu a gravidade, Thomas Edison não inventou a luz, Einstein não criou a teoria da relatividade. Todas essas coisas sempre existiram, só tiveram a humildade de observar e a coragem de expor o que aprenderam.

Você não precisa ser criativo para ser feliz, basta enxergar sem filtros.

12 de Julho de 2015.

domingo, 5 de julho de 2015

Moedas

Meu pai costumava brincar com as crianças oferecendo várias moedas de pequeno valor que elas pegavam radiantes de felicidade, acho que até se achavam ricas. Em seguida, ele pegava uma única moeda que superava o valor de todas as outras e oferecia em troca. Claro que as crianças preferiam ficar com dez moedas de um centavo do que com uma de um real.

E até tentávamos convencê-las que com a moeda maior se poderia comprar mais do que o monte de moedas pequenas, mas eram irredutíveis. Às vezes, aparecia uma criança mais esperta e convencia o meu pai a dar todas as moedas, até porque ele já estava disposto a fazer isso.

E assim, depois de crescidos, ainda somos seduzidos pelo pouco que achamos ter conseguido (ou o 1% que teimamos enxergar). Com medo de perder o pouco, deixamos de conquistar o todo.

O todo já é nosso. Basta acreditar, confiar, perseverar no que for bom e resistir ao controle do apego.

05 de Julho de 2010.

domingo, 28 de junho de 2015

Causa

No dia do meu batizado, eu tinha uns cinco anos, vestido com roupa nova e especial para a ocasião, rolei por um barranco por três vezes. Na ansiedade de ter meus vizinhos na festa, ia convidá-los, ou melhor, apressá-los. No caminho de volta, faltava coordenação para descer com calma e cuidado, então, eu rolava. Fui quatro vezes, rolei três. Não me machuquei (eu acho), mas, a minha mãe me perguntava sobre a roupa suja e amassada, sobre a terra no cabelo etc. Na última vez, mais envergonhado do que com medo, mudei a estratégia, deixei de lado a pressa, aumentei o cuidado e desci, sem rolar. Aprendi que o problema não era o barranco, era eu.

O legal de escrever um blog é que começamos olhar para dentro de nós mesmos. É a única forma de conseguirmos encontrar assuntos para escrever. E olhando para dentro percebemos que tudo o que acontece de bom ou ruim, principalmente o ruim, é causado por nós mesmos.

De alguma forma nossas escolhas geram as consequências ruins.

E eu não culpo mais ninguém. Evito, de todas as formas, falar mal do próximo, porque, na verdade, a realidade é um espelho. O que vemos de mal no outro, é o que carregamos na alma. Enxergamos nosso reflexo e, geralmente, ele é feio. Culpar o outro é a melhor forma de deixar as coisas como estão, afinal, é o outro. O que eu posso fazer? Reclamar, falar mal, jogar pedras. Porém, como num espelho, as reclamações, os xingamentos e as pedradas se voltam contra mim. Reação.

O lado bom é que, entendendo ser eu a causa, posso mudar minhas atitudes. Se eu quero o mundo mais bonito, eu preciso ser bonito. Se eu quero limpeza, tenho de ser limpo. Se eu quero justiça, tenho de ser justo.

28 de Junho de 2015.

domingo, 21 de junho de 2015

Maioridade

Há muito tempo eu li um livro muito velho e (muito grande também). Ele contava várias histórias, mas alguns fatos me chamaram a atenção. Tem a história de um homem que poupou o filho do sacrifício, substituindo-o por um cordeiro. Seu povo cresceu e se multiplicou.

Muitos anos depois, um descendente deste teve vários filhos. O mais novo gerou ciúmes em seus irmãos que o venderam como escravo para uma grande nação. De escravo ele passou ser o principal conselheiro de seu Rei, salvou esta nação e o próprio povo. 

Passaram mais alguns séculos e os descendentes daquele menino tornaram-se novamente escravos da grande nação (com tantos escravos, qualquer vilinha se tornará uma grande nação, é lógico!). O novo rei, em determinado momento, mandou matar todos os recém-nascidos do povo escravo. Um se salvou e libertou aquele povo e a Nação, sem escravos, perdeu sua magnificência.

Uns dois mil anos depois, outro rei mandou matar novamente os recém-nascidos do povo descendentes daquele primeiro sacrifício poupado. Um novamente se salva para desafortúnio do rei e seus descendentes.

Passaram-se mais dois mil anos e esta história vem se repetindo ao longo dos séculos.

Hoje, por não saber se estou do lado de quem vai continuar ou de quem vai sucumbir, prefiro proteger a todas as crianças que sejam oprimidas.

21 de Junho de 2015.

domingo, 14 de junho de 2015

Prova(ção)

Acredite se quiser, mas eu não gostava quando o professor chegava no dia da prova e dizia que esta seria com consulta. Entendia que desta maneira não provaria nada, não mostraria que tinha valor, pois, só copiaria as respostas. Claro que nunca evidenciei isso e, de certa maneira, ficava feliz pelos outros.

De qualquer forma as respostas sairiam dos mesmos livros. As lições aprendidas sairiam das mesmas aulas. Só que, na prova com consulta, parecia-me que eu não era merecedor. Não enfrentei dificuldades, me faltou a ansiedade, o medo de errar e a nota final satisfatória teria um gostinho de vergonha.

Talvez o Criador, muito sábio, entendeu que simplesmente dando as respostas, ao invés de felicidade sentiríamos envergonhados. Assim, mesmo que as respostas sejam evidentes, nos faz pensar que nós as encontramos, que as criamos e, assim, merecemos a vitória sem culpa.

14 de Junho de 2015.

domingo, 7 de junho de 2015

Transferência

Quando criança via os adultos usarem 2 copos para esfriar o leite. Ficavam transferindo o leite de um copo para o outro até chegar a uma temperatura que não nos queimaria a boca. Vi diversas vezes meus pais fazerem isso com o leite. Não entendia muito bem o que era, o que acontecia e até ficava emburrecido pela demora em tomar o leite.

O líquido até esfriava, mas os dois copos ficavam aquecidos. O calor era transferido e compartilhado entre os dois copos.

Mais tarde, também aprendi que o calor se dissipava no ar também, no espaço entre os dois copos.

E se fosse gelo o conteúdo transferido de um copo para o outro?

Como um copo frio e inerte nós podemos receber calor. Se tivermos conteúdo aquecido podemos transferi-lo também, e, nesse processo, o ar em volta também recebe um pouco de calor.Tudo pode ser transferido, compartilhado. Calor e frio.

7 de Junho de 2015.

domingo, 31 de maio de 2015

Cortina

Toda criança gosta de cortinas, de se esconder atrás delas. Também é irresistível para uma criança não tentar descobrir o que há por trás delas. Comigo, para desespero da minha mãe, não era diferente.

Ganhei alguns beliscões por levantar cortinas. Porém, descobri belas paisagens escondidas. Também já vi paredes e coisas nem tão belas e interessantes assim.

No Teatro, o espetáculo começa com o levantar de cortinas, a magia está escondida atrás dela.

 O “Grande Mágico” de Oz, escondido atrás de uma cortina, não passava de um simples e baixinho mortal.

 Aí, a gente cresce, descobre a finalidade de esconder a realidade atrás de cortinas ou, simplesmente, de bloquear a luz. Assim, infelizmente, perdemos a curiosidade de ver além delas. Se não vemos, também perdemos o desejo de mudar tal realidade.

Levante as cortinas!

 31 de Maio de 2015.

domingo, 24 de maio de 2015

Quebra-cabeça

Certo dia na minha infância, minha mãe chegou do trabalho com um pacote cheio de peças de um quebra-cabeça ganhado da patroa. Era o nosso primeiro e, sem experiência, a montagem no inicio foi difícil e até um pouco frustrante. Não tínhamos nem idéia da imagem que seria formada.

Assim, com paciência, montando as laterais, separando as peças de acordo com a tonalidade a imagem foi se formando até completar uma linda paisagem, uma família e um carro com porta-malas aberto sugerindo preparativos para um piquenique. Tão bonita que não dava vontade de desmontá-la.

Talvez, não consigamos ver nosso mundo como um inteiro. Nossa vida é formada de pequenos fragmentos que devemos montar, procurar as partes que se encaixem corretamente, e, no fim, depois de tudo montado, entender o todo.

Inteligente o Criador. Transforma a vida em um quebra-cabeça e assim, nos torna co-criadores. Não desista de encaixar as peças.

24 de Maio de 2015.

domingo, 17 de maio de 2015

1%

Quem, quando criança, não gostava de brincar com a própria sombra? Eu adorava. Achava engraçado o jeito que ela me “imitava”: dançando, pulando, abaixando etc... Acho que eu até conversava com ela, claro que ela nunca me respondeu.

Minha sombra não tinha cabelos, pele, olhos, boca. Era menos que um espelho, era só um vulto com minha forma. Sei lá, voltando à publicação “99%”, a sombra é o 1% de mim.

Ela imitava meus movimentos, nada mais. Se ela fosse um ser vivo, ela só reagiria, a capacidade de agir não existia para ela.

O 1% é reação. Os 99% é onde tudo acontece, onde se cria, onde se age, onde se transforma. O 1% é sombra, é escuridão. Os 99% é luz e criação.

17 de Maio de 2015.

domingo, 10 de maio de 2015

Atividade

Lembro de um dia na escola a professora pedir para levarmos uma lata vazia de leite em pó ou nescau. Achei e estranho e fiquei imaginando para o que seria. O que eu aprenderia com isso?

Durante alguns dias trabalhamos com papel colorido fazendo recortes, depois, colamos os recortes na lata, transformando-a num bonito guarda-treco. Fiquei muito feliz de ter feito algo útil e bonito. Mas, a professora pegou todas as latas e as guardou no armário.

Confesso que eu não me lembro o que eu pensei na época. Se usaríamos as latas na sala de aula ou se foram feitas para a professora mesmo. Mas, na última sexta-feira antes dos dias das mães, junto com um desenho pintado por nós, a professora nos entregou a lata e disse que era para entregar às nossas mães (naquela época, não havia festas para elas na escola).

E minha felicidade se transformou em ansiedade. Voltei o mais rápido que pude para casa para entregar o presente. E a felicidade da minha foi tão grande que senti uma ponta de remorso, pois, se soubesse que era um presente para ela, acho que teria empregado muito mais amor do que imaginando ser uma simples atividade escolar.

 Agora, por não saber os resultados finais, emprego todo o amor possível em tudo o que eu faço.

10 de Maio de 2015.

domingo, 3 de maio de 2015

Olhar

Gosto muito de fotografias e fico fascinado com fotógrafos que conseguem mostrar beleza em coisas ou lugares que não aguentaríamos olhar, que nos trariam asco ou angustia. Incrível este olhar que filtra o que é belo e poético onde normalmente não veríamos isso.

E através deste olhar de fotógrafo que denunciamos o que está errado. É através deste olhar que extraímos beleza onde ninguém vê. Que mostra a esperança onde enxergamos caos.

Quando se deparar com algo que não seja bonito, busque o olhar do fotógrafo, encontrar o foco do que é belo. Denunciar o que está errado. Mostrar a esperança onde há caos.

03 de Maio de 2015.

domingo, 26 de abril de 2015

99%

Não gosto de jogos de azar, não gosto de apostas. Se depender somente da minha vontade, eu não compro nem rifas, a não ser que seja para ajudar alguém ou alguma causa. Dizem que é o meu lado taurino e pão duro agindo. Deve ser verdade.

Vejo as pessoas que se apegam aquela pequena chance de ganhar na loteria. Eu não sou matemático, mas acredito que a maioria dos apostadores tem 1% de chance de ganhar.

Prefiro viver os meus 99% de tudo que posso ser, fazer, conhecer, aprender e presentear. A felicidade não está no 1%, ela é os 99% restantes.

26 de Abril de 2014.

domingo, 19 de abril de 2015

Átomo

Quando criança eu gostava de picotar um papel até chegar no menor pedaço possível. Quando ficava impossível tirar mais um pedaço, ainda assim, eu percebia que ali não era o fim. Eu estava limitado, mas, ainda daria para continuar cortando, só não tinha a tecnologia para isso. Imaginava se havia um ponto indivisível. Ainda não sabia o que era átomos.

Em pedaços muito pequenos, papel é só papel. Não importa se, quando inteiro, era uma tese de doutorado ou pornografia.

No colegial, aprendi o que era a menor parte possível da matéria: O átomo.

E tudo é feito de átomos, inclusive nós. E não existe átomo ruim ou bom, existe átomo.

Uma visão bem simplista do ser humano, mas, o que nos diferencia? A diferença é o que fazemos ou deixamos de fazer depois de formados.

Os cientistas dizem que estamos feitos de átomos, mas um passarinho me contou que estamos feitos de histórias.” Eduardo Galeano.

19 de Abril de 2014.

domingo, 12 de abril de 2015

Erro

Uma vez, na época em que os ônibus tinham cores diferentes, na pressa de chegar em casa, peguei o ônibus errado. Como a primeira parte do itinerário era a mesma, só percebi o erro quando o ônibus pegou um caminho diferente.

Ônibus estava muito cheio, não tive escolha, fiquei lá sentado, esperando o ônibus esvaziar um pouco para conseguir chegar até a porta de saída, descer, esperar um ônibus que voltasse uma parte do caminho e pegar o coletivo correto.

No erro conheci lugares novos, vi novas paisagens, aprendi novos caminhos.

Mesmo quando erramos a gente sempre aprende alguma coisa nova.

12 de Abril de 2015.

domingo, 5 de abril de 2015

Abandono

“- Eu amo dias de sol.” “- Eu amo meus discos (livros, celular etc).” “‑ Eu amo porque é bom prá mim”.

Quantas vezes eu disse isso, mas também preciso fazer coisas em dias sem sol. Eu gosto dos meus discos, mas, hoje em dia, sem ter onde tocá-los juntam pó, e meus livros, da mesma maneira, estavam na estante.

Amar o que nos é útil é muito fácil, o problema é que este tipo de amor, no fim, se transforma em abandono.

Ame gratuitamente. Ame sem precisar receber nada em troca. Ame por que é bom amar. Ame por que só o amor salva.

05 de Setembro de 2015.

domingo, 29 de março de 2015

Gravidade

Por duas vezes eu quase me afoguei. Senti a densidade fluida da água me arrastando para o fundo. Sensação: Medo e Desespero.

Por duas vezes sofri com lesões que me impossibilitaram de andar. Depois de algum tempo imóvel, nossos músculos não suportam a gravidade e é preciso fortalecer a musculatura para caminhar de novo. Sensação: Fraqueza.

Já perdi pessoas queridas que desencarnaram desse veículo chamado corpo. A sensação de perda é muito parecida com a de ser arrastado para fundo da água ou como a de faltar força para levantar e seguir em frente. Exige muito esforço.

A gravidade nos prende neste planetinha azul que chamamos de Terra, mas também prende o ar que respiramos e nos provém alimento. E se você quiser continuar nele, não se deixe arrastar para o fundo, fortaleça seus músculos. Levante e vá a busca do oxigênio, em busca do alimento que te fortalecerá. Eu gosto de chamá-lo de Amor.

29 de Março de 2015.

domingo, 22 de março de 2015

Simbiose

Estima-se que um ser humano saudável tem 100 trilhões de células. Deste total, somente 10 trilhões pertencem a nós, os outros 90 são nossos hóspedes, ou melhor, inquilinos e pagam por isso digerindo nosso alimento, produzindo substâncias e vitaminas necessárias ao nosso corpo, nos protegendo contra doenças.

Somos 10%. Somos mais bactéria do que humano. Somos um universo de seres vivos e que precisam estar em harmonia, em equilíbrio para que todos vivam (ou sobrevivam). O excesso de um ou a falta de outro nos deixa doente, podemos morrer e levar parte deste universo microscópico.

E dentro do Universo maior, aquele que vemos, ainda não entendemos que não somos um e sim, parte. Que destruir qualquer coisa estamos destruindo nossa chance de sobreviver.

22 de Março de 2015.

domingo, 15 de março de 2015

Embaçado

Uma vez chegaram para mim com uma câmara fotográfica nas mãos dizendo que algo estava errado com ela. As fotos estavam saindo desfocadas, estavam estranhas. Perguntaram-me se era defeito da câmera, falta de regulagem, mau uso etc.

Peguei a máquina, olhei e testei seu funcionamento, bati uma foto, estudei a imagem, olhei para a lente, depois limpei a lente. Pronto voltou ao normal.

Uma mancha engordurada de dedo na lente deixava as fotos distorcidas.

Quantas vezes a gente enxerga uma realidade distorcida por uma lente suja. Preste atenção antes de reclamar, às vezes, é preciso limpar nossos pensamentos. Use o amor sem moderação.

15 de Março de 2015.

domingo, 8 de março de 2015

Roubar

Uma vez, na escola, eu fui acusado de roubo. Fazia o curso noturno e um aluno do período da tarde esqueceu uma máquina de datilografar portátil na sala. Disseram ao inspetor, que era novo na escola e não me conhecia, que fui visto com o objeto.

Ele me acusou, me ameaçou e disse que eu não sairia da classe enquanto eu não devolvesse a máquina, mesmo eu falando que não estava comigo. Tudo isso na sala de aula, na frente dos colegas.

Alguns colegas, mais valentes e rebeldes do que eu, saíram em minha defesa. Diziam que eu era uma pessoa boa, sempre disposta a ajudar e compartilhar, que era impossível eu ter roubado alguma coisa.

O objeto acabou aparecendo e o acusador se desculpou com um sorriso amarelo.

Aprendi que o contrário de roubar é dar, compartilhar, acudir quem precisa. Foi que os meus colegas disseram ao inspetor, foi o que meus colegas fizeram para me defender.

08 de Março de 2015.

domingo, 1 de março de 2015

Reparação

E quanto mais a ciência entende o funcionamento do corpo através do projeto genoma, mais perto do conhecimento da alma transgressora chegamos.

Por incrível que pareça, a máquina divina que é o nosso corpo, que por fora parece funcionar perfeitamente, ao se conhecer o processo de multiplicação celular, descobriu-se que ocorrem inúmeros erros na reprodução das células. Em alguns casos, a mutação foi necessária para que evoluíssemos, nos tornando o que somos hoje, mas, na maioria das vezes, os erros da reprodução são corrigidos. A dualidade dos cromossomos, que para nós parecem com duas fitas entrelaçadas, permite resgatar o material genético original e recomeçar da forma correta.

O Divino, ao criar nosso sistema de reprodução genético, a multiplicação das células, não pensou na perfeição, ao contrário, ele permitiu um número razoável de erros, mas, ao mesmo tempo, criou um mecanismo de reconhecimento dos erros e reparo destes. E por isso chegamos até aqui.

E depois de formados, corpos evoluídos, providos de conhecimento e do livre-arbítrio, é perceptível que algo está errado. Se os erros não forem corrigidos estamos nos condenando à extinção. É hora de parar, resgatar princípios básicos que nos trouxeram até aqui, corrigir e seguir em frente.

Um bom princípio a ser resgatado?!

Fácil: “- Amai ao próximo como a ti mesmo!”


29 de Fevereiro de 2015.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Transgressão

E como o meu berço da publicação anterior, este mundo ficou pequeno. Muita gente excluída de coisas básicas como moradia, boa educação, comida, de saúde, enfim, de dignidade.

E por que não mudamos? Não buscamos o correto? O novo bom (ou as boas novas, para usar um termo cristão)?

Porque a minoria que tem tudo, acredita que isso é o “bom”. Temporariamente fortalecidos pelo poder econômico, criam leis e modelos sociais que criminalizam (ou posso dizer, “crucificam”!) quem não agüenta mais o lugar estreito. Nessa cultura do apego e do controle, não percebem que este “aperto” tornará impossível a existência de suas próximas gerações.

Transgredir, invertendo um pouco o conceito católico/cristão, é o caminho estreito para redenção do mundo. A passagem para o largo, para o novo bom.

22 de fevereiro de 2015.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O novo bom

Eu tenho lembranças muito antigas da infância. Consigo lembrar até do meu berço, de como gostava dele e como era bom ficar ali. Lembro das grades e até da retirada delas. Lembro quando ele ficou pequeno (na verdade eu que cresci) e apertado, mas eu continuava achando-o bom e não quis trocá-lo pela nova cama, que seria o correto, mas, não sabia se era bom.

Na vida, acostumamos com que é bom, nos conformamos com ele e não percebemos que crescemos, que é preciso ir à busca de novos e maiores espaços. Deixar para trás o que foi bom e ficou estreito. Dar o salto de fé para o largo, o correto, o novo bom.

O bom é o lugar que ficou estreito para nosso corpo, o correto é o lugar amplo que nossa alma almeja e que é necessário para nossa evolução.


15 de fevereiro de 2015.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Por que existe gente pobre? - Conclusão

Se a miséria e a pobreza são invenções humanas, elas tinham um propósito: Cultivar, efetivar e assegurar para poucos o maior (não o melhor) poder de todos: O econômico.

E, em busca deste poder, estes poucos não pouparam esforços. Travaram-se inúmeras guerras, dizimaram-se incontáveis vidas, destruíram florestas, rios, nações de nativos (afinal, estes não entendiam a sedução do “ter posses” e, assim, não poderiam ser iludidos a ponto de serem explorados como mão de obra barata.

São muito criativos para manter esse status quo. Engarrafam miséria em suas indústrias de bebidas. Metabolizam miséria em seus laboratórios de drogas. Iludem a miséria em seus cassinos. Ensinam a miséria em seu sistema educacional. Vendem a miséria em seus bancos.

Quem tem este poder não quer perdê-lo. Com dinheiro (o deus soberano dessa classe), eles inventaram um mundo de ilusões. São donos de meios massivos de alienação (jornais, TVS, rádios, editoras), usados tanto para criar a ilusão de que tudo isso é normal, quanto para criminalizar àqueles que tentam te dar “a pílula” do filme Matriz, que tiraria do transe àqueles que desejassem “acordar”.

A lei é criada por eles, a justiça é feita pela ótica de quem está por cima. Inclusive quem deveria julgar, vem desta tradição de endinheirados, também não querem ver tudo aquilo que acumularam durante gerações, ser diluído entre as massas (e nem estou falando de expropriação, estou falando de direitos). Não querem o filho da empregada sentado ao lado do seu primogênito na universidade de direito ou medicina. Não quer a pessoa que engraxa seus sapatos jantando em seu restaurante preferido. Não suportam a idéia de que os faxineiros do fórum dividam o espaço do estacionamento com seu carro de luxo importado. Assim, segregam as pessoas em "guetos" e impendem o acesso dessa gente nos espaços que pensam ser exclusivos dos "poderosos". Então, só posso concluir que seu julgamento está contaminado por este medo da “perda” do seu pseudo conforto.

Não se iluda. A miséria é muito fácil de ser eliminada. O difícil é combater quem não quer perder o poder de jeito nenhum!

O que fariam os poderosos ao verem seu (exclusivo direito) conforto sendo ameaçado? Alguém sabe a resposta?

 08 de Fevereiro de 2015.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Por que tem gente pobre?

Quando criança eu costumava fazer esta pergunta. É lógico que ninguém soube responder. Na infância, minha família morava como caseiros numa chácara bem afastada dos centros urbanos. Não pagávamos aluguel, mas tínhamos muitas dificuldades também, caderneta no armazém, móveis penhorados, roupas rotas... mas, achava que pobres eram os mendigos que via nas poucas vezes que ia a cidade. Sentia-me mal, eu tinha uma casa e uma cama, e eles?

A gente cresce, as coisas melhoram, mas, as perguntas ficam? Eu já até aprendi por que existe pobres, o que me espanta é por que ninguém mais faz essa pergunta: “- Por que existe gente pobre?”

Sabemos que 85 pessoas (os mais ricos do planeta) concentram mais da metade de todo o dinheiro dos mais pobres, mais da metade dos habitantes da Terra. Dá para entender a diferença?!

Na natureza, alguém já ouviu falar em um bando leões pobres? Ou uma matilha de lobos, manada de gnus ou elefantes, aves, minhocas etc?! Não. A pobreza e a miséria é exclusividade da raça humana.

Pobreza é invenção da humanidade. Começou com a escravidão no início das civilizações e continua nos dias atuais. Enquanto existir miséria, existirá também quem a explore.

Oras, se pobreza e miséria são invenções humanas, cabe a nós eliminá-las.

Não é impossível. Vou dar um exemplo simples e recente.

A última “Mega Sena da Virada”, alcançou a cifra de R$ 240 milhões, já descontados os impostos. Sabe o que é esse número? Esse número significa que, se o dividíssemos por todos os brasileiros, cada um receberia R$ 1.200.000,00 (Um milhão e duzentos mil reais). Acabaria a extrema pobreza no Brasil!

Bem se a jogatina consegue tamanha proeza, quando nossa consciência humana evoluirá ao nível de extinguir essa mazela da sociedade?

Pensem, reflitam e compartilhem essa indagação.

01 de Fevereiro de 2015.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Mudanças

Férias sempre trazem boas lembranças. Outro dia estava recordando quando tive aulas vela. Foi uma grande e divertida lição. Tinha o mar da Bahia, um barquinho a vela e só precisava de vento. Mas algo que me intrigava e me assustava. Se o vento que enchia a vela me empurrava para uma direção, como faria para voltar? O instrutor me ensinou uma das maiores lições da minha vida: Não importa para que lado o vento sopre, você só precisa ajustar as velas e você chegará onde quiser.

E os ventos da mudança, graças ao Criador, nunca deixam de soprar e, se não tomarmos o cuidado de ajustar nossas velas, eles nos deixará a deriva ou nos levará onde não queremos estar. Marque seu horizonte onde está a felicidade, ajuste suas velas e deixe o vento de levar.

Se parar de ventar?! Aponte para a fé e reme!


25 de Janeiro de 2015.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Curto-circuito

Trabalho com baterias chumbo-ácidas também conhecidas como acumuladores elétricos. Elas produzem energia química com muitas aplicações para tornar este nosso mundo moderno um lugar mais confortável.

Para leigos, uma caixa com dois pólos: um negativo e outro positivo.

Para quem trabalha com elas é importante saber que não se deve, em hipótese alguma, ligar um pólo ao outro, encostando ferramentas ou fios, para que não ocorra um curto-circuito. Este fenômeno provoca faíscas, calor e até explosões e, se por sorte, não se machucar, com certeza inutilizará a bateria, pois extinguirá a tensão ou resistência que havia nela, a corrente elétrica.

E tantas vezes a gente quer ir pelo caminho do bem, seguindo a direção certa (ao positivo), resistindo ao que for ruim (o negativo), mas, em momentos de fraqueza ou egoísmo, desistimos de resistir, pior, voltamos no sentido o contrário, provocando um curto-circuito, machucando a si mesmo e ao próximo e inutilizando tudo o que aprendeu e que lhe foi útil.

Resista!

18 de Janeiro de 2015.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Camarote

Domingo de corrida em Interlagos, pouco tempo atrás, era sinônimo de encontro de amigos na laje para verem a corrida (pedacinhos dela) de graça. Cada um levava alguma coisa, carne, bebidas, doces e a alegria da comunhão que, em outras palavras, significa amor.

As lajes da favela continuam cheias em domingos de F1. Alguns felizes por pagarem pouco e outros felizes por receberem muito. Comunhão?! Não. Aqui assiste quem tem dinheiro, amigos ficam para outros domingos. As lajes da comunidade se tornam camarotes, onde se recebem os “gringos” com seus dólares e euros.

No Rio de Janeiro, a melhor vista da cidade maravilhosa ficava nos morros, no meio da comunidade. Ali se tinha pouco dinheiro, em compensação, a vista era boa e de graça.

Com a “pacificação” um fenômeno se iniciou. Estrangeiros endinheirados começaram a comprar casas na comunidade. O preço é barato para quem paga, mas, suficiente para iludir quem vende, pois, em pouco tempo, descobrirá que o que recebeu só dá para comprar um barraco num lugar mais afastado e pior.

Acontece o mesmo no carnaval de Salvador, nas praias de Trindade e Trancoso e em tantos outros lugares.

E assim, ao invés de agregar, de comungar, nós separamos, pior, segregamos. Quem pode mais se apossa e expulsa quem não pode tanto.

Se comungar é amor, como a gente chama a segregação?

11 de Janeiro de 2015.