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sábado, 30 de julho de 2016

Ideia


Adolescente paulistano, achava engraçado a forma que parentes do interior da Bahia falavam. Muitas palavras novas, algumas ditas de formas diferentes, o sufixo diminutivo “inho” virava “im”: “cafézim”, “pequenim”, “azuzim”. Juro que mais do que engraçado, eu achava bonito ou “bunitu”, como eles diziam. Via bastante charme naquele sotaque.

Mas, os significados, ah! isso sim, era interessante. Uma vez, ouvi um tio-avô dizer “-Fulano perdeu a ideia! ”. Demorei para entender. Que ideia era essa? No meu jeito paulistano de pensar, ideia era algo que surgia para resolver um problema, inventar uma brincadeira. Ideia era aquela coisa fantástica de descobrir ou criar algo bom.

Como alguém perde a ideia? Quebrava a cabeça em busca do significado. Será que não seria “roubaram a ideia”? Prestei mais atenção no rumo da conversa e aprendi uma coisa genial: “Perder a ideia”, para meu querido povo do interior baiano, era “perder o juízo”, “enlouquecer”, “ficar doida”.

E nós, cheios de conhecimento, mas, vazios de entendimento, buscamos a ideia que nos salvará, que nos tornará importantes. Achamo-nos inteligentes, não notamos que somos todos loucos que buscam a lucidez. E que chegue a ideia. Que se faça a luz!

30 de julho de 2016.

Um comentário:

Fabio Xavier de Lima disse...

Erroneamente taxamos como "sem cultura" pessoas humildes ou que não tenham concluído seus estudos, etc...
Nós com nossa "cultura enlatada" que recebemos pela tv, não entendemos a bagagem cultural que eles carregam.
Em nosso país continental a diversidade cultural é enorme, com costume, crenças, alimentos, palavras, sotaques. . .
Mesmo aqui em "Sampa" podemos notar as diferenças culturais entre os bairros que a compõem.

Então fiquem atentos para adquirir cultural seja onde for, com quem for ;-)