Lembro-me de certa noite, minha tia e minha mãe aflitas com o horário de um simples curativo no pequeno neto da tia (sobrinho-neto de minha mãe, pela ordem). Um bebê que usava uma bolsa de colostomia que precisava ser limpa e trocada diariamente.
Minha prima teve problemas no transporte e se atrasaria e já passava da hora do curativo ser trocado. Era necessário, fazer a troca da bolsa naquele momento, o pequeno estomago do primo já vazio, começava a produzir ácidos que queimavam as paredes do abdome por onde saiam os tubos, provocando dor. Adultos ficam chatos quando sentem dor, imaginem bebês.
O simples ato de aproximar a mão do local já provocava choros, gritos e recuos da criança. E, o desespero das duas mulheres, fizeram que me chamassem. Avós não foram feitas para verem sofrimento de netos. Eu, após 3 cirurgias, tinha adquirido uma certa experiência com curativos.
Sim, sofrimento ensina, e toda a ferida é um ponto de entrada de luz. Temos duas boas formas de aprender, por sofrimento (é a forma mais comum, infelizmente) e por amor.
O que eu aprendi nessa história? Pessoas com feridas abertas até o carinho dói, e dor não é coisa que avó gosta de dar, mas alguém precisa fazer.
04 de Março 2023.
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